A TIM e a Qualcomm firmaram um acordo de colaboração em prol do OpenRAN. Na parceria, as empresas se comprometem em trabalhar para avaliar soluções de padrão aberto de fornecedores de infraestrutura de rede emergentes e estabelecidos.

Em um primeiro momento, o objetivo do projeto é ajudar a desenvolver o ecossistema aberto e implantar redes 5G de alto desempenho, virtualizadas, interoperáveis e modulares em escala. Mas, em uma aposta mais longa, a operadora busca ter reduções de custos ao ampliar o leque de opções de fornecedores de core de rede.

Em nota enviada à imprensa, Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, diz que a adoção de OpenRAN terá impacto positivo ao mercado, aumentando a competição no segmento e ajudando a diminuir custos e tempo de implantação.

Vale lembrar que esta não é a única iniciativa da operadora no OpenRAN. A TIM criou o Open Field Program com o TIP, uma iniciativa de testes que possui laboratório no Inatel. Também possui parceria com a Dell para desenvolvimento do ecossistema de padrão aberto.

Análise

O OpenRAN poderá permitir que players de fora do core de rede ofereçam infraestrutura baseada em software e virtualização de rede em padrão aberto. Ou seja, seria uma abertura para as big techs entrarem em um segmento que gerará uma receita de US$ 50 bilhões entre 2021 e 2025, segundo o Dell’Oro Group – 10% desse montante será de investimentos na América Latina e Caribe.

Há também aspectos geopolíticos envolvidos: o governo dos Estados Unidos incentiva a tecnologia como alicerce para diminuir o domínio dos players chineses nas redes de telecomunicação, em especial a Huawei. Além disso, o mercado vê com receio a adoção desta tecnologia em larga escala, uma vez que faltam testes e padronização que garantam sua qualidade. No mundo, a única operadora que adotou o OpenRAN de forma abrangente em suas redes foi a japonesa Rakuten.

No Brasil, o MCTI – alinhado aos EUA desde a segunda metade do governo Trump – está trabalhando na criação de um programa nacional de OpenRAN. E a Anatel firmou recentemente uma parceria com a UnB para realizar dez estudos sobre a tecnologia, mas o conselheiro Carlos Baigorri disse em julho que a agência reguladora não deve intervir para a adoção do padrão aberto.