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Luiz Henrique Barbosa, presidente da Telcomp

O presidente da Telcomp, Luiz Henrique Barbosa, acredita que o leilão de 5G com o Release 16 será vantajoso para o Brasil, uma vez que é um leilão não arrecadatório, que incentiva a construção de redes, mas terá uma contrapartida razoável (o Release 16), com a utilização do padrão tecnológico 5G standalone (5GSA). Em conversa com Mobile Time nesta sexta-feira, 26, Barbosa afirma que a exigência do padrão SA força as operadoras a não oferecer um “4G melhorado”, algo que trouxe ampla discussão no mercado norte-americano, em especial com a AT&T.

Para o representante da Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas, a discussão entre os conselheiros foi positiva e levou em consideração as políticas públicas. Ressaltou que será “um leilão não arrecadatório, com investimento diluído com o tempo e concorrencialmente neutro”.

Sobre a entrada de um quarto player no leilão, Barbosa diz que é uma possibilidade, ainda que remota. Mas, questionado se vê espaço para uma PPP receber aporte de capital e comprar um dos blocos nacionais, ou uma operadora de fora entrar no certame, o especialista acredita que ambos os cenários são improváveis. Mas afirma que a infraestrutura de telecom no Brasil hoje é mais favorável para uma quarta operadora nacional do que na época da implantação do 4G: “Acho difícil ambas as situações (novo ou PPPs crescendo), pois é um bloco nacional. Por outro lado, o que nos favorece é que temos boa infraestrutura e fatores que auxiliam. Um exemplo é a negociação de espaço nas torreiras, que não existia no 4G”, explica.

Ainda assim, Barbosa acredita que a força das PPPs está nos blocos regionais, pois o compromisso não está amarrado na cobertura. Afirmou ainda que a Anatel colaborou ao ser ponderada em pedir um menor investimento em ERBs e celebrou fato de ter mais espaço às PPPs.

“Nós comemoramos o fato de o edital do leilão prever operadora regional, um segmento que responde por 40% das redes de fibra do País”, disse. “Esperamos que o leilão traga incentivos ao setor, não apenas no 5G, em fibra e nas outras redes. Tem uma demanda latente, da sociedade conectada, da Internet das Coisas, das pessoas que estão trabalhando de casa e das novas aplicações”, completou o presidente da Telcomp.

Sobre o cronograma de implantação, lembra que é difícil qualquer calendário em um País das dimensões do Brasil e que o ciclo tecnológico em telecomunicações é “curto e desafiador”. Entretanto, afirma que outras melhorias na infraestrutura colaboram para acelerar a instalação do 5G no Brasil, como: as torreiras; o fato de lei das antenas passar no STF; a capilaridade de antenas; e os novos modelos de negócios para as operadoras.

Questionado sobre discussões que faltam acerca do certame, Barbosa deu como exemplo o mercado de espectro secundário: “Existem as operadoras com capilaridade (B2C) que podem participar do leilão. Agora, as nossas operadoras B2B têm interesse no espectro não usado. Isso precisa ser discutido. Como o agronegócio usando o 700 MHz. O espectro é um recurso escasso, público e precisa ser pensado. Considerar o mercado secundário é importante para as competitivas. Tem que ter o RAN Sharing em condições isonômicas. Um tema importante é o roaming para competir com pé de igualdade”, declara o presidente da Telcomp.

Em relação aos valores de licenças do leilão, previsto em R$ 34 bilhões pelo presidente da Anatel, Leonardo Euler, o representante da associação afirma que mostra a grandeza do tema, mas é um valor que será esmiuçado pelas empresas que desejam participar.