A Microsoft apresentou uma parceria com a Mistral AI nesta segunda-feira, 26, além de avançar no Open Gateway ao lado da Telefónica e levar IA generativa ao seu portfólio de serviços na nuvem para operadoras, sendo que alguns players como AT&T, BT Group e E& UAE já estão usando soluções como copiloto e alerta de chamadas fraudulentas.

Além dessas iniciativas, a empresa também lançou um conjunto de princípios voltados à evolução e ao seu papel no desenvolvimento da IA no mundo, algo similar ao Princípios do Windows, de 2006.

Mistral

Imagem de divulgação da parceria entre Mistral AI e Microsoft (crédito: Microsoft)

O acordo plurianual permite à companhia de inteligência artificial acessar a estrutura de IA da Microsoft, o que inclui sua nuvem e infraestrutura computacional da Azure AI e escalar seus grandes modelos de linguagem (LLMs) no marketplace de Model as a Service (MaaS) da Microsoft, além de colaboração em pesquisa e desenvolvimento em LLMs para o setor público na Europa.

Vale dizer, a Mistral AI oferece um modelo de linguagem para uso geral que pode atender qualquer caso de uso em texto, uma vez que é proficiente em codificação, matemática; além de ser capaz de processar dezenas de documentos em uma única chamada, inclusive em alemão, italiano, inglês e francês.

Princípios de IA

Atividades da Microsoft com base em seus princípios de IA (reprodução: Microsoft)

A iniciativa faz parte da ação AI Access Principles da Microsoft para o mercado global, mas principalmente, a companhia esclarece suas ações ao mercado europeu. Apresentado no principal evento de conectividade móvel do mundo, o MWC, que acontece em Barcelona nesta semana, a ação mira endereçar para o mercado e reguladores a posição da companhia norte-americana como líder e inovadora no mercado de IA, como escreveu no blog da Microsoft, seu o vice-presidente do conselho e presidente, Brad Smith.

Os princípios da Microsoft com IA são divididos em duas partes:

Crenças de acesso em IA

  1. Permitir a inovação e a competição;
  2. Cumprir as leis;
  3. Avançar em parcerias amplas na IA;
  4. Ampliar o acesso a essas parcerias para clientes, consumidores e comunidades;
  5. Ser proativa e construtiva;

Princípios de acesso em IA

  1. Expansão da infraestrutura da Microsoft em IA na nuvem para treinamento de mais modelos, grandes e pequenos, sejam proprietário ou de código aberto;
  2. Liberar modelos de AI para desenvolvedores ao redor do planeta para que cada nação desenvolva a sua ‘Economia de IA’;
  3. Disponibilização de APIs públicas para desenvolvedores para acessar modelos de IA que a Microsoft hospeda;
  4. Suporte à oferta de APIs de uso comum das operadoras (Open Gateway) para permitir que desenvolvedores criem suas aplicações;
  5. Permitir aos desenvolvedores a distribuição e venda de modelos de IA e uso da Azure, seja via Azure Marketplace ou diretamente aos seus consumidores;
  6. Pedir garantias aos desenvolvedores que não serão usadas informações ou dados que não são públicos para treinar, implementar ou construir modelos de IA;
  7. Permitir aos desenvolvedores trocar a Azure por outra plataforma em nuvem com facilidade;
  8. Suportar a segurança física e cibernética de todos os modelos de IA que rodam nos datacenters da Microsoft;
  9. A aplicação de Padrões de IA Responsiva no desenho dos modelos com conceitos de justiça, confiabilidade, segurança, privacidade, inclusão, transparência e responsabilidade;
  10. Investir em iniciativas para escalar as habilidades de IA no mundo;
  11. Gerenciamento do datacenter de IA de maneira sustentável e ambiental.

Entre as ações que acercam os princípios de IA da Microsoft, a companhia cita uma série de iniciativas feitas neste mês de fevereiro, como o investimento de US$ 3,5 bilhões na construção de datacenter na Alemanha, o acordo das big techs contra deepfake nas eleições de 2024, investimento de US$ 2,9 bilhões em novos datacenters na Espanha, além das duas iniciativas dos últimos dois dias: o anúncio com a Mistral hoje e o avanço da companhia no Open Gateway com a Telefónica.

Telefónica e Microsoft

Chema Alonso, CDO da Telefónica, apresenta os avanços do Open Gateway e parceria com Microsoft (divulgação: Telefónica)

A Telefónica e a Microsoft anunciaram no último domingo, 25, que a operadora será incluída no serviço Azure Programmable Connectivity (APC), como parte dos esforços de desenvolvimento do Open Gateway. Na prática, a ideia das duas companhias é simplificar o acesso de desenvolvedores às APIs de rede da operadora.

O APC tem um formato singular e padronizado de interface que funciona com qualquer MNO (ou MVNO), o que deixa fácil para os developers construírem aplicações nativas na nuvem que interajam com as redes inteligentes das operadoras.

Vale lembrar que a Microsoft é um dos parceiros de canais e distribuição das APIs das operadoras, ao lado de Vonage, Ericsson, Nokia, Infobip e AWS. O APC foi lançado junto com o Open Gateway em 2023 e atualmente conta com APIs de verificação de número, SIM swap e serviços de localização.

A telco espanhola também confirmou que vai integrar o Azure AI Studio ao seu ecossistema digital, o Kernel. Isso permitirá à Telefónica conectar os seus dados a modelos de inteligência artificial generativa (LLM ou SLM), ao mesmo tempo que garante a proteção de seus dados e de seus clientes.

Importante dizer, o Kernel está caminhando para sua segunda geração (2.0) e mira na integração de dados e APIs. Em sua primeira geração, o ecossistema da operadora tem aplicativos, serviços, plataformas, canais de comunicação, além do sistema de pagamentos integrados e a assistente inteligente Aura.

Copiloto e IA generativa para operadoras

Portfólio do Azure para Operadoras a partir desta segunda-feira, 26 (reprodução: Microsoft)

A Microsoft também atualizou nesta segunda-feira seu portfólio de soluções de nuvem para operadoras, o Azure for Operators, ao incorporar funções da inteligência artificial generativa da OpenAI. Ao todo são quatro soluções que foram apresentadas no MWC, mas já estavam em uso.

É o caso da versão do copiloto da Microsoft para operadoras que está ganhando seu primeiro acesso limitado ao setor. Batizado como Copilot no Azure Operator Insights, o recurso permite a engenheiros usarem IA generativa para atuarem com informações da rede e explicações sobre o significado de seus dados, além de indicarem possíveis ações em problemas da rede. A Three UK do Reino Unido está usando esta solução com parceiros – como Amdocs, Accenture e BMC Remedy – para melhorar dados sobre integridade da rede e a qualidade do serviço de rede para o cliente final.

Por sua vez, o Azure Operator Call Protection, um serviço que analisa a voz do cliente com IA em tempo real e emite um alerta para o cliente sobre a ligação que está recebendo que pode conter fraude. O BT Group do Reino Unido estava testando essa funcionalidade que passa a ter uma preview público para todo o setor de telecomunicações. Outra solução é o Azure Operator Insights que coleta e analisa grande quantidade de dados para gerar informações sobre qualidade e integridade das redes de uma operadora, ISP ou fabricante de equipamento de RAN (aberto ou não). Tal serviço está em teste com a Three UK.

Fecham o portfólio da nuvem da Microsoft para operadora o Azure Operator Nexus, um serviço focado em executar cargas de trabalho das operadoras de forma híbrida (na nuvem ou localmente), como implantar, gerenciar, proteger, monitorar a rede e seu usuário. As operadoras E& UAE e AT&T já usam essa ferramenta para reduzir custos e tempo de operação. E, sem operadora usando, uma outra solução que a Microsoft apresentou dentro de sua cloud é o Azure Operator 5G Core, uma função que está disponibiliza em preview público que oferece de forma conteinerizada um núcleo para instalar funções de rede em qualquer geração das redes celulares móveis, do 2G ao 5G, algo que foi feito a partir da compra da Affirmed Networks.

Imagem principal: Microsoft foca na nova economia de IA com ações para operadoras e para o ecossistema de desenvolvedores (reprodução: Microsoft)