Elon Musk

Quem tem o objetivo de levar milhões de pessoas a Marte em pouco tempo não voa baixo. Elon Musk quer cravar seu nome na história da humanidade e, para isso, arrematou por US$ 44 bilhões uma das maiores redes de comunicação do planeta, o Twitter. “Assim como Steve Jobs, Musk faz parte de uma série de CEOs narcisistas que são movidos pelo legado que vão deixar. O que a história vai falar de mim? Uma plataforma de comunicação para este tipo de pessoa faz todo sentido estratégico”, observa Paula Chimenti, professora e coordenadora do Centro de Estudos em Estratégia e Inovação do Coppead, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Segundo ela, o propósito do executivo é o de impactar a vida de bilhões de pessoas – inclusive tomando iniciativas em que pode perder dinheiro. “A partir de agora, Musk passa a ter voz em um ambiente digital e vai poder ditar o que pode e o que não pode fazer. Uma pessoa que declarou abertamente que não gosta de ser regulado – mas sabe que a regulação é necessária”, pondera Chimenti.

Desde a notícia da compra do Twitter por Musk, até a Casa Branca se manifestou sobre a necessidade de as plataformas se responsabilizarem pelo que divulgam, ou seja: a importância de uma regulação global.

Chimenti comenta a dificuldade de regulação deste mercado, que tem uma dinâmica bem diferente de qualquer outro. “Nestas plataformas digitais, a natureza do negócio leva a um vencedor que tem tudo, e a uma ausência de competição. Como regular esse tipo de negócio? Esta é uma das questões mais importantes do nosso tempo. Como a gente quer funcionar como sociedade? O Twitter está longe de ser bem gerido e bem regulado faz tempo. Há ambientes tóxicos e polarizados que geram um monte de disfunções”.

Chimenti acredita que o Twitter deixou de ser um ambiente de socialização para ser um ambiente competitivo. “E o Musk traz mais uma questão: o que é liberdade de expressão e qual o limite disso? Quem decide quem pode ou não ter voz? O positivo é discutir isso como sociedade. Que mundo é esse em que liberdade de expressão se tornou um conceito político?”, reflete.