A startup paulista OnBoard Mobility desenvolveu uma solução de carteira digital para sistemas de transporte público usando o smartphone do passageiro no lugar do cartão de bilhete único com um QR code para validar a transação. A solução está sendo apresentada para empresas do setor de transporte de diversas cidades do País e a expectativa é que haja uma primeira operação implementada até o final do ano.

“O cartão do bilhete único é pago da mesma maneira há 15 anos. Trata-se de uma solução que ficou obsoleta e a experiência do usuário ficou ruim. Consequentemente, há um êxodo muito grande do transporte público para outros modais”, argumenta Luiz Renato Mattos, CEO e cofundador da OnBoard Mobility, em entrevista para Mobile Time.

No sistema desenvolvido pela empresa, o passageiro precisará baixar um app referente ao transporte público da sua cidade, criar uma conta virtual e carregá-la com dinheiro, o que poderá ser feito via cartão de crédito ou outros meios. O app gera um QR code associado à sua conta e que deve ser lido pela catraca do meio de transporte, descontando do seu saldo o valor da passagem. No momento da leitura do QR code não há necessidade de o smartphone nem da catraca estarem online. Ou seja, a operação acontece de forma offline. Isso só é possível porque a solução gera tokens prévios quando o smartphone está online.

Equipamento a ser instalado nas roletas permitirá tanto a leitura do QR code no smartphone quanto o cartão físico, por aproximação

A adaptação das roletas para a leitura de QR codes é um dos desafios da OnBoard. A empresa está desenvolvendo o equipamento para ser instalado nas catracas. Atualmente, seu custo gira em torno de R$ 4 mil, mas a meta é reduzir para menos de R$ 1 mil, diz Mattos.

Um ponto importante: a OnBoard propõe que as empresas de transporte público adotem um modelo aberto de carteira digital, para que o passageiro possa utilizar seu saldo não apenas na compra de passagens mas para pagamentos em estabelecimentos comerciais. Desta forma, as empresas de transporte ganhariam uma pequena taxa por cada transação realizada para a compra de outros serviços ou produtos.

“Queremos que o arranjo de pagamento seja aberto. O crédito que hoje é exclusivo para transporte poderia ser usado para outros produtos e serviços, como uma compra na farmácia. Ou seja, viraria uma carteira digital pré-paga”, explica.”E para o estabelecimento comercial seria como um pagamento com cartão, só que a um custo mais barato”, comenta Mattos.

Em seu modelo de negócios, a OnBoard propõe vender o projeto de adequação do parque e o licenciamento pelo uso da tecnologia. No caso de adoção de um arranjo aberto de pagamento, ficaria também com uma pequena parte do fee por transação.

Recarga

Paralelamente ao projeto de carteira digital para transporte público, a OnBoard mantém uma operação de venda de recarga de bilhete único de São Paulo através de um app chamado Recarga Bilhete Único SP (Android, iOS) e de um bot chamado Bipay, no Facebook Messenger. Desde abril do ano passado, quando o app e o bot foram lançados oficialmente, a OnBoard acumula mais de 400 mil passagens vendidas – 10% desse volume vem do bot. A recarga é feita via cartão de crédito e o tíquete médio é de R$ 35.

Mattos relata que o bot foi desenvolvido para atender as pessoas que não têm memória suficiente no celular para manter o app de recarga do bilhete único armazenado. O próximo passo será lançar o serviço de emissão de bilhete único através do bot.