Retenção do vendedor, publicidade e vendas transfronteiriças, são algumas das palavras-chave que os executivos de Amazon, Americanas (em recuperação judicial), Magalu e Mercado Livre tentam usar para encantar os revendedores (sellers ou 3P, no jargão comércio eletrônico), ao mesmo tempo que tentam incrementar suas receitas de vendas.

Um exemplo foi Maurício Anbruste Leuenroth, diretor comercial do Magazine Luiza. Durante o segundo dia do Fórum E-Commerce Brasil 2023, nesta quarta-feira, 26, o executivo afirmou que 75% dos novos clientes do seu e-commerce vêm através de vendedores terceiros. Nessa estratégia apoiada nos sellers, o Magalu quer oferecer mais produtos e novas categorias nos próximos dois anos.

Por sua vez, Ricardo Garrido, diretor da loja de vendedores parceiros do Amazon Brasil, revelou que a venda transfronteiriça já começa a dar frutos para a operação brasileira do marketplace um ano após seu lançamento, com 8% das vendas da plataforma no Brasil indo para o exterior. Garrido acredita que a tendência é subir, uma vez que o Brasil produz insumos “diferenciados” que não há em outros lugares do mundo. Dois exemplos apresentados pelo executivo são cápsulas de café saborizadas ou xampu em barra, que iniciaram seu caminho para os EUA e agora começam a ir para a Europa.

A head de marketplace do Mercado Livre, Julia Rueff, explicou que a companhia busca reter mais o vendedor em sua plataforma, com uma oferta completa de serviços que passa por vendas, pagamento, logística e publicidade. Atualmente, a companhia tem 97% das vendas que passam pelo Mercado Livre de algum modo. Rueff explicou que é possível para um vendedor terceiro usar apenas parte da infraestrutura de sua empresa, mas não é vantajoso e pode resultar em uma entrega incompleta ao cliente.

Tudo normal

Falando de forma superficial sobre o atual momento da Recuperação Judicial e uma dívida que passa dos R$ 40 bilhões, Mayra Gianoni, head de marketplace e experiência do seller da Americanas S.A., tratou de dizer que a empresa está atuando de forma mais ativa junto aos vendedores terceiros. Inclusive, adiantou que a partir de agosto deve lançar uma plataforma de análise de dados (em parceria com uma empresa do setor) para que o seller da Americanas veja o que tem em outros marketplaces e faça a gestão em um lugar só. Também adiantou que a companhia quer promover um programa de aceleração para pequenas e médias empresas. Essas ações focam no incremento das vendas do segundo semestre.

“O segundo semestre, não posso deixar de dizer,  é o período de maiores datas sazonais que temos para varejo online. Como conhecedores e como uma marca que sempre fez eventos muito grandes, como Páscoa e Dia dos Namorados no começo do ano. Agora vem, Dia dos Pais, Dia das Crianças, Black Friday, Ano Novo, Natal. Então acho que esses eventos também vão ser grandes e a gente vai trazer boas metas para os nossos lojistas”, afirmou, sem lembrar que a crise do começo do ano fez a Americanas sair às pressas como patrocinadora do BBB. “Acho que é importante todo mundo se preparar para esse segundo semestre que ele está bem recheado”, completou.

Sem falar da estrutura operacional, apenas de comportamento, Gianoni respondeu durante o mesmo painel que participou ao lado dos outros marketplaces que o cliente da Americanas segue procurando por eletrodomésticos e utilidades domésticas. E em volume vendido, a executiva cita suplemento, utilidade domésticas, cama, mesa e banho, acessórios e outros.

“Temos visto clientes buscando itens por preço. Itens com tíquete médio um pouco maior que o cliente precisa pesquisar sobre, e clientes comprando sortimento de cauda longa, algo que temos trabalhado bastante para o cliente e para o seller. São categorias relevantes dentro da Americanas e que dão oportunidade para vender itens diversos. Tanto de tíquete maior como menor. Um exemplo é a categoria “mercado”, que trabalhamos nos últimos anos e é de forte recorrência em produtos. Em 2020, o item mais vendido na Americanas foi a banana prata”, detalhou a executiva.

Vale lembrar que, além da RJ, a Americanas, seus ex-executivos e atuais controladores estão sob investigação na CVM com acusações que variam de inconsistências contábeis a insider trading. Em junho deste ano, a lista de credores conhecidos tinha 586 páginas. E no último dia 11 de julho, a varejista recebeu da 4ª Vara Empresarial da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro mais 180 dias de stay period, ou seja, a suspensão de todas as ações e execuções contra a companhia na Justiça.