Os executivos da Keeta (Android, iOS) afirmaram que a operação local não deve ter acordo de exclusividade com restaurantes. Segundo o seu presidente de operações internacionais, Tony Qiu, a empresa não aderiu a esse modelo de atração por não acreditar que seja saudável para o mercado, uma vez que tira a liberdade de escolha dos restaurantes trabalharem com todas as plataformas de entrega.
“Nós não acreditamos que esta é a melhor forma de investirmos o nosso dinheiro. Queremos investir na operação, no produto e na experiência. Por isso, entregamos a melhor experiência para consumidores e restaurantes. E nós não gostamos de pagar para os restaurantes e pedir a eles que não trabalhem com outras plataformas”, disse.
Segundo Danilo Mansano, vice-presidente de parcerias estratégicas da Keeta, quando há exclusividade entre um restaurante e uma plataforma “quem paga a conta dessa exclusividade são os outros restaurantes”, ou seja, aqueles que não estão nesse pacote e que precisam “custear uma taxa maior para compensar a taxa menor” que uma plataforma fechou com o restaurante.
Mansano afirmou ainda que estratégia para atrair e manter os restaurantes na Keeta envolve ainda oferecer até três pontos percentuais menor em taxa cobrada aos comerciantes, em comparação com o líder do setor: “Uma vez que o mercado está composto quase como um monopólio (do iFood), é um mercado que, normalmente, as taxas mais altas são cobradas nos restaurantes”, disse.
Vale lembrar, os acordos de exclusividade entre plataformas de delivery e comércios virou tema de disputa judicial no Cade. Em 2023, o regulador de defesa econômica proibiu a cláusula de exclusividade do iFood com grandes restaurantes e neste ano 99 e Keeta travam uma batalha na Justiça de São Paulo por uma cláusula de exclusividade que a 99Food colocou no contrato com os restaurantes em seu retorno ao mercado de delivery. A sua rival, que é controlada pela Meituan, teve um primeiro ganho de causa no último dia 21 de outubro, mas a companhia da DiDi afirmou que vai recorrer.
Keeta em SP

Tony Qiu, presidente de operações internacionais da Keeta (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
Com o anúncio do começo da operação em São Paulo e outras oito cidades da região metropolitana, a Keeta começará com 27 mil restaurantes e 98,2 mil entregadores a partir da próxima segunda-feira, 1. Para avançar na região, a ideia da companhia é oferecer diferenciais para entregadores, restaurantes e clientes, como:
- Entregadores – sete saques semanais sem taxas, suporte com equipe humana 24 horas e centro de suporte ao entregador;
- Restaurantes – atendimento humano 24 horas por dia, antecipação de recebíveis de sete dias (ante 30 dias que os outros players praticam) e insights sobre a base de clientes;
- Consumidores – compensação de até R$ 50 em caso de atraso, 90% dos restaurantes com entregas gratuitas (subsidiado 90% pela Keeta e os outros 10% com os restaurantes) e 90% das entregas rastreáveis.
Rodrigo Goulart, secretário municipal de desenvolvimento econômico e trabalho de São Paulo, disse que a chegada da Keeta é um marco para a capital, pois abre o mercado de delivery para mais concorrência e cumpre um papel importante para bares e restaurantes entregarem uma melhor experiência a seus consumidores. Afirmou ainda que um diferencial foi o fato de que a companhia estabeleceu sua presença na cidade, algo importante para gerar empregos, renda e melhorar os serviços na capital.
Para Luiz Hirata, presidente da Abrasel, os donos de bares e restaurantes estão “ansiosos” pelachegada do “líder mundial” em delivery, pois gera mais competição e um atendimento melhor. Inicialmente, a Keeta tem parceiros grandes na capital como KFC, Purpleberry Açaí e Don Corleone Pizza, assim como menores e tradicionais, como Senhor Pudim, All In Burger e Cachorrão do Claudião.
Vale dizer, a Keeta investirá R$ 1 bilhão no começo de sua operação em São Paulo, sendo que a companhia investirá R$ 5,6 bilhões no Brasil para os próximos cinco anos.
Resultados em Santos

Da direita para esquerda: Danilo Mansano, VP de parcerias estratégicas da Keeta; Luiz Hirata, Abrasel; Felipe Prieto, Seven King (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)
Parte da estratégia da Keeta para o lançamento na região metropolitana de São Paulo se baseia nos primeiros resultados que a companhia teve com o começo do serviço em Santos e São Vicente, cidades da Baixada Santista que serviram de campo de testes para o app de delivery no final de outubro.
Mansano afirmou que a base de restaurantes cresceu 60% entre 30 de outubro e 25 de novembro, de 1 mil para 1,6 mil comércios. Entre os entregadores mais que dobrou (135%), de aproximadamente 3 mil para 4,7 mil. Como resultado, o tempo médio de entregas foi de 30 minutos e os entregadores ganharam em média R$ 30 por hora trabalhada.
Segundo Qiu, a expectativa é que os ganhos sejam similares para os entregadores em São Paulo. Por sua vez, entre os restaurantes, o piloto em Santos mostrou que a percepção é de crescimento acelerado. Foi o caso da Seven Kings, uma hamburgueria que precisou expandir sua cozinha com a chegada da Keeta.
“O início da operação foi uma doideira positiva. Começamos a fazer seis vezes mais entregas e mais pedidos por dia. Fizemos uma obra de urgência na cozinha. Na semana passada, na hora que fechou a cozinha no domingo, eu comecei uma obra que terminou na segunda-feira à noite, que é o nosso dia de folga. A ideia era ter mais gente trabalhando na terça-feira”, disse Felipe Prieto, sócio e chef de cozinha na Seven Kings.
Também com unidades em São Paulo nos bairros de Moema (zona sul) e em Perdizes (oeste), Prieto afirmou que espera um resultado positivo na capital com a contratação de mais pessoas e aumento da operação. Inclusive com a possibilidade de começar a atender na Zona Oeste com mais um dia extra para entregas, a segunda-feira, que até então era o dia de descanso de sua equipe.
Imagem principal: Danilo Mansano, VP de parcerias estratégicas da Keeta
