A GSMA quer convencer a Anatel a reverter sua decisão de dois anos atrás de destinar 1.200 MHz da faixa de 6 GHz para Wi-Fi. A entidade, que representa operadoras móveis e fabricantes de equipamentos de telefonia celular, realizou um evento nesta quinta-feira, 27, em Brasília, com o propósito de trazer à tona esse debate.

“Achamos que não foi uma decisão acertada da Anatel. E as coisas mudaram muito nos últimos dois anos, desde que a decisão foi tomada. Então resolvemos levantar de novo essa bandeira”, explicou Luciana Camargos, head global de espectro da GSMA, em conversa com Mobile Time.

O problema, segundo a GSMA, é que o Brasil vai precisar de mais espectro em frequências médias (de 1 GHz a 7 GHz) para aproveitar todos os benefícios econômicos propiciados pelo 5G, incluindo sua evolução para o chamado 5G Advanced, ou 5,5G. O ideal seria contar com 2 GHz para telefonia celular. Mas hoje o País tem 1.150 MHz para essa finalidade em frequências médias, já considerando os cerca de 120 MHz que serão adicionados com a banda L e parte da faixa de 4,8 GHz. Existe também a possibilidade de se conseguir mais um pouco na faixa de 3,8 GHz a 4,2 GHz, porém não seria suficiente para alcançar os 2 GHz desejados.

Disputa mundial

O mundo está dividido quanto a essa questão. O Brasil, no momento, está alinhado com EUA e Canadá, que foram os primeiros a optar pela destinação de 1.200 MHz integralmente para Wi-Fi. Ao todo, 12 países fizeram o mesmo. Porém, um deles voltou atrás: o Chile, no ano passado, mudou de ideia e destinou somente os 500 MHz mais baixos para Wi-Fi, deixando para decidir mais tarde o que fazer com os 700 MHz acima. De acordo com Camargos, há cerca de 100 países nessa mesma situação, ou seja, com a faixa de 6 GHz dividida entre os dois serviços. O outro extremo é a China, que preferiu entregar a faixa de 6 GHz completa para telefonia celular.

É esperado que a próxima Conferência Mundial de Radiocomunicação (WRC, na sigla em inglês), da UIT, que acontecerá em novembro e dezembro em Dubai, sirva de palco para um debate internacional acerca da destinação da faixa de 6 GHz.

“Na GSMA defendemos uma solução balanceada. Nossas operadoras usam Wi-Fi, mas não vemos necessidade de destinar 1.200 MHz para Wi-Fi. Seria um desperdício. O 5G vai precisar crescer”, resume a executiva.