Embora a Internet das Coisas (IoT) seja realidade, ainda há desafios para o crescimento do setor na América Latina. Segundo Marcelo Yamamoto, gerente de marketing da Huawei, há diversas oportunidades para crescer, em especial pela criatividade da região em momentos adversos.

“Mantendo as condições atuais, o Brasil já é o quarto maior mercado do mundo em M2M. Se fizermos mais podemos alcançar o primeiro lugar”, disse Yamamoto. “A região da América Latina tem uma criatividade nata e casos de usos exclusivos da nossa cultura, e mesmo sendo um mercado com pouca cultura de TIC. Tem muita oportunidade de crescer e ter sucesso na região”, acrescentou.

No entanto, a atual crise financeira divide os executivos do setor. De acordo com o vice-presidente regional da Oracle, Paulo Manzato, de cada dez clientes que visita para investir em IoT, sete fazem investimento mas sem o ímpeto necessário para o crescimento.

No outro lado da balança, José Gonçalves, vice-presidente de vendas da CENX, acredita que, com o pleno crescimento do setor, não haverá atraso no desenvolvimento dos dispositivos conectados à Internet de todas as coisas. Em sua visão, o usuário final já precisa de conexões e produtos em IoT, pois o utiliza constantemente – vide Uber e Waze.

‘O problema é o formato’

Também falta explicar como empresas podem monetizar com IoT. Durante o primeiro painel do Futurecom 2015, evento que discute o futuro das telecomunicações, na manhã desta terça-feira, 27, a executiva Nina Lualdi, diretora sênior de inovação da Cisco LATAM, comentou que falta um melhor diálogo para explicar os modelos negócios no setor.

“Mesmo para nós é um pouco difícil de entender e explicar como funciona o business model do IoT. A discussão para quem tenta angariar clientes deve ser uma discussão de digitalização”, afirmou Nina. “O tema não é Internet das coisas, é a Internet de todos. Nós todos estamos conectados”.

Outra executiva, Jacqueline Paiva, Gerente de M2M da Telefônica Vivo, acredita que nem todas as soluções devem ser criadas internamente. Para isso, ela cita exemplos de sua própria empresa que buscou parceiros para vender aos seus clientes produtos em M2M e IoT.

“Quando a gente está falando de Internet of Things e M2M não existem soluções próprias. No mercado de utilities, as redes elétricas não queriam usar a rede celular. Então fizemos parcerias para entrar nesse mercado e dar o serviço às utilities de eletricidade”, disse Paiva. “Estamos em uma fase de entender os novos modelos de negócios. Aprendemos que não há como chegar com a solução pronta. A gente não tem intenção de ser desenvolvedor, queremos andar de mãos dadas com eles”, completou.

6G

Outro tema discutido no primeiro painel de Internet das Coisas no Futurecom é a velocidade de adoção. Com representantes de provedores, operadoras e governo falando sobre o crescimento dos dispositivos conectados, José Gontijo, assessor do Ministério das Comunicações, disse que a inclusão do IoT será tão rápida que apenas o 5G poderá suprir sua demanda. “Desde que a Internet surgiu, em meados de 1990, ela sempre esteve atrás de sua utilização. O 5G vai suprir a demanda, mas outra coisa vai aparecer e demandará 6G”, previu o Gontijo.