A Cielo apresentou um lucro líquido de R$ 1,7 bilhão em 2019, queda de 47% ante R$ 3,3 bilhões registrados em 2018. A receita operacional líquida foi de R$ 11,3 bilhões, um recuo de 3% comparado aos R$ 11,6 bilhões de 2018. O EBITDA teve queda de 35%, de R$ 4,6 bilhões para R$ 3 bilhões. Por sua vez, os gastos aumentaram 17,5%, de R$ 8 bilhões para R$ 9,4 bilhões.

Em conferência com analistas do mercado e com a imprensa, Paulo Caffarelli, CEO da Cielo, afirmou que o ano da companhia foi positivo, diante da reestruturação dos negócios em um cenário tão disputado, atualmente com 25 adquirentes e quase 300 subadquirentes, contra três adquirentes de quatro anos atrás.

“Para nós, 2019 foi o ano que a Cielo voltou para o jogo. Nós falamos que precisamos buscar market share, manter a liderança, e isso aconteceu ao longo de 2019. Um exemplo foi a captura (volume financeiro transacionado) de R$ 190 bilhões no quarto trimestre, algo que equivale a 10% do PIB brasileiro”, afirmou o CEO.

No ano, o volume financeiro transacionado na adquirente foi de R$ 684 bilhões, um aumento de 9%, ante R$ 626 bilhões de 2018. Outros destaques operacionais são: 1,3 milhão de maquininhas vendidas em 2019; 1,6 milhão de clientes ativos no final de 2019, um aumento de 17% em comparação ao final de 2018; aumento de 161% no tíquete médio de recebíveis, de R$ 3 mil para R$ 7,7 mil; e reajuste de 75% do portfólio de máquinas ofertados ao varejo.

2020

Para a operação de 2020, a Cielo pretende aumentar a penetração no segmento de recebíveis e prepara uma oferta de produto de crédito para os próximos meses. Mas a principal medida é um contrato com seus controladores, Bradesco e Banco do Brasil, que reduzirá gastos com operações de transações realizadas na estrutura dessas instituições, que representam 70% do volume pago pela Cielo. “Temos um ano de margens que continuarão sendo comprimidas, mas declaramos que pagaremos 10% sobre volume elegível. Ou seja, atingiu a rentabilidade mínima nós pagamos ao banco um mínimo”, explicou o CEO. Durante a conferência, analistas previram que a economia anual seria entre R$ 300 milhões e R$ 500 milhões com o novo contrato. Contudo, os executivos da Cielo preferiram não abrir os valores.

Concorrência

Outro ponto abordado pelos executivos da empresa é a disputa por clientes no mercado de adquirência. Com atuação em três frentes (varejo, empreendedores e grandes contas), Gustavo Souza, CFO da Cielo, ressaltou que a adquirente não será a primeira companhia a reduzir os preços para seus clientes, pois entende que os valores praticados estão adequados. Contudo, não descartou eventuais reduções puxadas pela concorrência.

“O novo contrato (com BB e Bradesco) vai gerar uma economia importante para a Cielo. Ele é positivo para a Cielo. Mas continuamos vendo uma compressão de preços em 2020. Em que magnitude acontecerá, isso vai depender da competição”, disse o CFO. “O que não teremos em 2020 é a Cielo puxando o preço para baixo. Mas a competitividade não deve parar. Tudo indica que o movimento deve continuar em 2020”.