A China propôs, no último sábado, 26, criar uma organização para estimular a cooperação global em inteligência artificial (IA), como uma alternativa ao plano estratégico, divulgado na semana passada, pelo governo dos Estados Unidos, visando “vencer a corrida da IA”.
O país quer ajudar a coordenar esforços globais para regular a tecnologia e compartilhar os avanços chineses, como afirmou o premiê Li Quang na Conferência Mundial de Inteligência Artificial (World Artificial Intelligence Conference), que ocorreu em Xangai no último fim de semana.
Os norte-americanos querem, com o projeto, expandir as exportações de tecnologia para países aliados, com o objetivo de ter vantagem sobre a China. Apesar de não mencionar diretamente o plano dos EUA, Qing alertou que o desenvolvimento de IA deve considerar potenciais riscos à segurança e que é “urgentemente necessário um consenso global”. Além disso, o premiê chinês pontuou que a tecnologia corre o risco de se tornar “um jogo exclusivo” de alguns países e empresas.
Para China, IA deve ser aberta
Li afirmou que a China quer que a IA seja compartilhada de forma aberta, com todos os países e empresas tendo direitos iguais de acesso e que o país está disposto a compartilhar sua experiência em desenvolvimento e seus produtos com outras nações, especialmente com o Sul Global.
“A governança global da IA ainda é fragmentada. Os países têm grandes diferenças, especialmente em conceitos regulatórios e regras institucionais. Devemos reforçar a coordenação para formar o quanto antes uma estrutura global de governança de IA com amplo consenso”, disse ele.
O plano de Trump para IA
Na última quarta, 23, a Casa Branca divulgou um plano de ação para promover o desenvolvimento da IA sem o “viés ideológico”. “O presidente destacou que o avanço e domínio dos Estados Unidos em matéria de inteligência é uma prioridade nacional”, ressaltou David Sacks, assessor da Casa Branca para a IA, em entrevista coletiva.
No comunicado, a Casa Branca identificou cerca de 90 medidas que serão implementadas nos próximos meses e o presidente Donald Trump vai assinar três decretos, em um evento sobre IA em Washington.
A estratégia foi organizada em três pilares. O primeiro visa a facilitar a construção de novos data centers e a realização de grandes projetos energéticos para atender às estruturas. O governo Trump quer simplificar a concessão de licenças e autorizações para novas obras.
Já na segunda etapa, a “diplomacia da IA”, segundo Sacks, envolve a mobilização de dois braços financeiros do país para o comércio internacional: a Agência de Desenvolvimento e Financiamento dos Estados Unidos e o Banco de Exportação e Importação dos Estados Unidos, para que apoiem as exportações de IA norte-americana.
A terceira diretriz seria uma resposta ao que Trump vê como um “viés ideológico” da IA generativa e pretende proibir que serviços, ministérios e agências do seu governo adquiram softwares de IA generativa que sigam essa orientação. De acordo com a Casa Branca os sistemas de inteligência artificial devem ser projetados para “buscar a verdade objetiva, e não promover agendas de engenharia social, quando os usuários buscarem informações ou análises factuais”. As ferramentas de IA devem ser “confiáveis”.