André Porto participou de painel sobre o futuro dos portos nesta quarta-feira, 28, no Cubo Conecta, em São Paulo. Créditos: reprodução

Mesmo com a chegada do 5G nas capitais brasileiras, o debate sobre o uso de redes privativas de quinta geração em portos ainda é muito incipiente no Brasil. A observação é de André Porto, head de inovação da Wilson Sons, operador integrado de logística portuária e marítima no País, empresa que atua no setor desde 1837.

“Esperamos que isso ande rápido. Está muito no campo da discussão, mas a hora que a infraestrutura entrar, vai ser uma corrida. As empresas têm que antecipar isso, têm que considerar que o 5G vai ser uma realidade e já traçar esses possíveis cenários”, avalia Porto.

Para o executivo, as possibilidades do uso da rede de quinta geração móvel no setor se abrem ao conectar as embarcações à rede, principalmente quando se trata de Internet das Coisas. O rebocador, barco projetado para auxiliar as manobras de navios maiores, poderá servir como um hub de informações, captando dados sobre o ambiente e  disponibilizando-os para portos e outros players.

Da mesma forma, as embarcações poderão receber essas informações, como dados meteorológicos e oceanográficos. Com isso em mãos, será possível otimizar tomadas de decisões em manobras, por exemplo, ou outras operações marítimas e portuárias. O 5G também poderá conectar embarcações navegando em lugares distantes, como hidrovias remotas, segundo Porto tem observado em alguns casos pelo mundo.

“O entorno do porto deve ter uma automatização impactada pelo 5G. Você tem uma série de equipamentos que, em algum momento, vão ser autônomos. Há o portainer, que tira o contêiner do navio e coloca no pátio; o guindaste de pátio; a [empilhadeira] reach stacker, aquele guindaste móvel para pegar os contêineres. Você tem os próprios caminhões. Isso tudo hoje é manual. A tendência é que seja automatizado ao longo do tempo”, explica.

Porto de Santos

O Complexo Portuário de Santos, no estado de São Paulo, planeja implantar uma rede privativa 5G. O projeto piloto começou a ser discutido em 2021, entre os ministros Fábio Faria (Comunicações) e Tarcísio Freitas (ex-Infraestrutura).

No mesmo ano, a NLT desenvolveu um estudo de implantação de rede LoRa, dedicada à Internet das Coisas, no Porto de Santos, separada do projeto de rede 5G. A Santos Port Authority (SPA) busca melhorar a eficiência da gestão de sua infraestrutura portuária. O objetivo é reduzir filas de caminhões e navios, ajudar na mobilidade de contêineres, no monitoramento de tempo, controle de máquinas e equipamentos, na manutenção preventiva e também aplicar inteligência artificial à gestão do porto.

A SPA pretende solicitar licença de serviço limitado privado (SLP) à Anatel para criação de rede privativa 5G, ainda em 2022, de acordo com a BNamericas. A previsão é que a implantação se inicie em 2023. Três consultorias do setor de telecom estariam sendo avaliadas para isso: CelPlan Brasil, Lynce Consultoria e Brain Innovation.