A startup brasileira Nearbytes desenvolveu uma tecnologia própria de comunicação através de ondas sonoras, que está disponível desde 2014 na forma de um SDK aberto ao público e que já foi utilizado em cerca de 100 aplicativos móveis que somam mais de 1 milhão de downloads. Há desde um app para troca de cartões até experiências de mobile marketing, como uma criada para acender uma chama virtual aproximando os celulares durante a vinda do papa ao Brasil. Mas a grande aposta da companhia é de que a sua tecnologia seja adotada para aplicações de pagamento presencial e de autenticação.

Um banco em Malawi, na África, já criou um aplicativo para transferências de valores entre seus correntistas usando a tecnologia brasileira. E há um escritório na Torre do Rio Sul, no Rio de Janeiro, experimentando a solução da Nearbytes para a marcação de ponto dos funcionários, a partir dos seus celulares, relata Marcelo Ramos, um dos fundadores da Nearbytes. Segundo o executivo, o front end para uma carteira digital usando a tecnologia já está pronto, o que agilizaria o lançamento de qualquer app com esse propósito.

Na transmissão por ondas sonoras, um celular emite um som, usando o protocolo da Nearbytes, e outro dispositivo, que pode ser um celular ou uma máquina de POS, por exemplo, capta a mensagem pelo seu microfone. O som emitido consegue transportar cerca de 200 bytes, o suficiente para incluir os dados de uma transação financeira ou de uma identidade, por exemplo. Os celulares precisam estar próximos o suficiente para que o som seja captado, e com os devidos aplicativos abertos. É utilizado uma espécie de token temporário, que vale para cada operação. Ou seja, se alguém gravar aquele som, não vai conseguir usá-lo de novo.

A grande vantagem de se usar ondas sonoras é que essa tecnologia funciona em qualquer smartphone, mesmo os mais baratos. “Ganhamos até do QR code, porque mesmo se a tela estiver quebrada você consegue usar Nearbytes, e não depende de qualidade da câmera. Os microfones presentes nos aparelhos de hoje em dia têm qualidade superior àquela que a gente precisa. É uma tecnologia bastante consistente para transmitir dados”, explica Ramos. Só não funciona em feature phone porque requer a presença de um app.

Outra vantagem é que, no caso de um pagamento, o celular do comprador não precisa estar conectado à Internet. Basta que o dispositivo do vendedor esteja. Para Ramos, essa característica abre um potencial de uso em grandes eventos, para otimizar a venda de comidas e bebidas durante um grande fluxo de pessoas.

Modelo de negócios

A Nearbytes pretende mudar o seu modelo de negócios. Atualmente ela cobra uma taxa por quantidade de usuários ativados em um aplicativo que utilize o seu SDK. A ideia agora é adotar um modelo similar àquele do Bluetooth, em que a empresa utilizadora paga uma anuidade de acordo com o seu tamanho. Os valores ainda não foram definidos.