Neste novo momento da Intel, a companhia aposta em três frentes: não ser mais uma empresa apenas de hardware, mas também de software; entregar as melhores plataformas de inteligência artificial para o mercado; se conectar com o ecossistema exercendo um papel de liderança. A presidente da companhia na América Latina, Gisselle Ruiz Lanza, explicou que a reestruturação e as mudanças organizacionais da companhia, que começaram no ano passado, têm buscado trazer mais agilidade e se aproximar mais dos clientes e do seu ecossistema de parceiros e desenvolvedores.

Em conversa com Mobile Time nesta quinta-feira, 29, a executiva reforçou que a estratégia de uma nova Intel é constante e leva em conta o momento do mercado e estar próximo da ponta. Lanza explicou que esta mudança não acontece rapidamente, mas que a operação latino-americana fez alterações em sua estrutura para ficar mais ágil e se aproximar dos clientes com menos camadas de liderança.

Importante lembrar, a empresa vem passando por uma série de mudanças. Em agosto de 2024 promoveu uma rodada de 15 mil demissões para ter uma estrutura mais enxuta. O então CEO Pat Gelsinger deixou a companhia em dezembro do mesmo ano.

Um novo CEO assumiu em março deste ano, Lip-Bu Tan, experiente do meio de semicondutores que estava no board da Intel. Ao assumir o cargo, Tan escreveu em carta aos funcionários que todos eram fundadores na “Nova Intel” e que trabalhariam juntos para recuperá-la como empresa de ponta.

Nova Intel

Lanza revelou que grande parte desse trabalho envolve colocar aceleradores e IA em seus produtos, como fez em 2023 com PCs que passaram a ter encapsulados CPU, GPU e NPU integrados para habilitar casos de uso com IA e trabalho na borda com edge computing e data centers para levar use cases como visão computacional ao seu ecossistema.

“Não é uma estratégia nova, mas é uma estratégia. Estamos colocando muito mais foco não só para trazer um roadmap de hardware em todo o nosso portfólio de produtos, mas também trabalhar fortemente com o ecossistema de software para que essas novas casas de trabalho, essas novas aplicações sejam otimizadas pelo hardware da Intel”, explicou a presidente local.

“Parte da visão do nosso novo CEO é ter uma estratégia que começa com o software. Ou seja, quais são essas aplicações atuais e futuras que vão desenvolver o hardware e habilitar as melhores experiências e aplicações para os nossos clientes”, disse. “Falamos do software e do hardware, mas nessa dupla precisa de liderança e de funcionários. Todos têm o papel de fomentar essa estrutura. Isso passa por transformar a Intel em uma companhia que tenha as habilidades necessárias, não só para criar inteligência artificial, mas para usar inteligência artificial”, completou, ao dizer que precisam usar para saber como obter retorno da IA e ter visão sobre segurança de dados, processos e usabilidade.

Negócios

Com relação aos negócios em B2B, a executiva afirmou que tem se aproximado desse setor na América Latina nos últimos oito anos por meio de colaboração com o ecossistema, como desenvolvimento com empresas de software e parcerias para alcançar diversos públicos, como bancos, varejo, indústria e até o agronegócio.

Deu como exemplo, as parcerias com WEG e Magalu Cloud no Brasil, além da mexicana Softtek e da chilena Sonda. Lanza explicou que olham para essas relações com escala local e possivelmente global. Também afirmou que tem se aproximado de startups:

“É um trabalho que estamos antenados. Boa parte da inovação virá de novas empresas que surgem e identificam desafios de mercado e negócio, se diferenciam e se especializam em casos de uso pontuais”, detalhou.

Sobre a possibilidade de a Intel investir mais em startups locais, como fez com a israelense Mobileye, a executiva da companhia afirmou que esta é uma possibilidade. No entanto, ressaltou que há outras formas de parceria que não envolvem necessariamente investimento direto, como cocriação ou fortalecimento das soluções desenvolvidas pelas startups por meio da tecnologia da Intel permitindo que, posteriormente, essas soluções sejam levadas ao mercado de maneira conjunta.

Próximas apostas em semicondutores

Apesar de estar se posicionando como empresa de software para garantir que os desenvolvedores tenham as ferramentas certas de hardware no desenvolvimento de sistemas, a presidente da Intel na América Latina reforçou que a próxima aposta da empresa é na nova arquitetura de chips 18A que deve ter os primeiros chipsets lançados no final de 2025, os primeiros com dois nanômetros ou Angstrom (que passa a ser nova escala).

Com isso, a companhia aposta bastante em melhorar suas capacidades de desenvolvimento de chips. Isso inclui utilizar bem dois centros que possui na América Latina, as fábricas na Costa Rica e o Guadalajara Design Center (GDC), no México. Lanza lembra que a operação costarriquenha responde por uma boa parte dos chips de data centers produzidos no mundo hoje e que o centro mexicano é um dos principais em validação e testes.

Foto principal: Gisselle Luiz Lanza, diretora geral da Intel na América Latina e VP de vendas e marketing na empresa (divulgação/Intel)

 

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