O presidente da Vivo, Christian Gebara, entende que ainda é necessário avaliar como será a proposta final do edital do leilão de 5G antes de considerar se o modelo sugerido pelo conselheiro da Anatel Vicente Aquino seria adequada para a empresa. Mas ressalta que não se importa com um eventual atraso para a realização do certame (atualmente previsto para meados de 2020) se isso significar maior segurança para os investimentos. “Mais do que quando será realizado, o importante é que as regras precisam ser bem definidas. Prefiro um leilão mais tarde e com regras corretas do que um em curto prazo com regras que eu não acho que seriam favoráveis à digitalização do Brasil”, declarou o executivo em conversa com jornalistas após painel na Futurecom nesta terça-feira, 29. Para tanto, o leilão “não pode ter viés arrecadatório, precisa ter objetivos de cobertura factíveis e realista com as necessidades do País, com lotes com espectro necessário para a tecnologia e que não tenha desfavorecimento das grandes empresas que têm capacidade de investir no Brasil”.

Gebara diz que ainda não sabe se o modelo de leilão Combinatorial Clock Auction (CCA) teria mais caráter arrecadatório ou não, mas destaca que o edital precisa viabilizar os grandes players, uma vez que seriam eles os únicos capazes de construir coberturas nacionais. “O leilão não pode desfavorecer as empresas com capacidade de compra de frequências nacionais e cobertura nacional, a gente não pode ser prejudicado. Não quer dizer que não pode favorecer em alguns aspectos os outros players [menores]”, justifica. O executivo explica que o leilão precisa responder a essas questões, mas também endereçar a necessidade de instalação de mais antenas e reforço de backhaul e backbone para suportar o aumento de tráfego. “Nossos indicadores de retorno sobre investimento estão abaixo do custo de capital, e esta fórmula tem que ser entendida por todos”

Para o presidente da Vivo, a necessidade de largura espectral em 3,5 GHz é de no mínimo de 80 MHz, e que blocos de 10 MHz seriam insuficientes para o 5G. Mas nem toda frequência licitada precisaria ser contígua – ele considera que blocos pequenos de 700 MHz, um espectro que a operadora já possui, seria viável. Assim como na faixa de 2,3 GHz, mas somente no caso do 4G. “Para o futuro, acho que deveria ser de 40 a 50 MHz, não menos do que isso.”

Novo modelo e Oi

Christian Gebara diz que a Vivo ainda está fazendo as contas, mas que, após a aprovação do PLC 79 (agora Lei 13.879/2019), estima ter pelo menos 12 meses para avaliar se fará a migração para o regime de autorização. Mas ele diz que gostaria de chegar em um valor para fazer investimentos em banda larga. “Acho que o natural seria fazer a migração, a gente quer ser uma empresa que investe em tecnologia do futuro.”

Além disso, e do investimento no leilão, a Vivo ainda tem sido objeto de rumores sobre um possível interesse na operação móvel da Oi. Gebara explicou que, como empresa de capital aberto, “sempre temos que olhar ativos disponíveis no mercado, assim como analisamos outros ativos de telecom que estiveram disponíveis ao longo dos últimos anos”. A venda de novas frequências para 5G poderia inclusive afetar no interesse pelo espectro da concorrente. “A resposta não é simples, a gente analisaria, pois o leilão de 5G também vai ter a faixa de 700 MHz e 2,3 GHz que também são usadas para 4G”, declara. “Depende de todo esse panorama do que vai ser leilão e quais ativos [da Oi] seriam disponibilizados.”