A conclusão da aquisição da Nextel deverá acontecer até o final deste ano, informou o CEO da América Móvil, Daniel Hajj, nesta terça-feira, 30. O processo, contudo, só deverá exibir todo o potencial de sinergias em 2021, trazendo maior capacidade de espectro, base de clientes e otimização de infraestrutura para a Claro Brasil.

“O processo está correndo, acho que podemos fechar no terceiro ou no quarto trimestre deste ano”, declarou o executivo a analistas em teleconferência do balanço financeiro do grupo mexicano que controla Claro, Embratel e Net no Brasil. A aquisição da Nextel foi anunciada em março deste ano, com o valor estimado de US$ 905 milhões.

A partir da finalização, a companhia espera obter as sinergias completas em até dois anos. “Em mais ou menos 24 meses teremos as sinergias”, diz. O prazo é o mesmo estimado para outras transações recentes da AMX na Guatemala e em El Salvador. “As sinergias serão entre 18 meses e 24 meses, é mais ou menos o que veremos em cada País. Na Guatemala já fechamos em fevereiro e estamos indo bem. Em El Salvador, esperamos que conclua no começo do terceiro trimestre.” Hajj reiterou, contudo, que não está procurando por novas aquisições.

Há ainda a expectativa de reduzir o Opex operacional no Brasil com a consolidação, detalha o executivo. Isso porque a Claro e a Nextel teriam duplicidade de torres, o que logicamente significa que a companhia poderá promover uma redução desses ativos sobrando. Com isso, também espera reduzir o consumo de energia.

Daniel Hajj reiterou que a aquisição da Nextel no Brasil “faz muito sentido” para a América Móvil. Ele não quantificou a sinergia esperada, mas explicou de onde deverá vir. “Vai nos dar bons clientes nas principais cidades brasileiras, Rio de Janeiro e São Paulo; vai nos dar muito espectro, então poderemos ter uma rede melhor e economizar Capex; e vai nos dar boas pessoas [da Nextel]. Em geral, a consolidação é muito importante para o mercado, em vez de ficar lutando com competidores.”

Macro

Apesar de tecer elogios ao desempenho da operação das subsidiárias da AMX no Brasil, Hajj diz que o ritmo da situação macroeconômica no País “está indo um pouco mais lento que o esperado”. Especificamente, o executivo diz que a recuperação está levando mais tempo do que era previsto, e que isso causa impacto na receita de serviços. Mas ele garante: “Somos muito competitivos não apenas em preço, mas em tudo. E temos uma rede fixa muito boa, com a convergência indo bem. Acho que teremos um ano muito bom. Não sei se a recuperação será rápida, mas se for boa, a gente se beneficia.”

5G

A AMX não prevê 5G ainda este ano na América Latina, apesar de confirmar investimentos em infraestrutura como fibra, virtualização de redes e aquisição de espectro em alguns países. Hajj diz que a quinta geração deverá chegar à região somente em 2020, e que vê “oportunidades de espectro” em países como Argentina, Peru e Paraguai – o executivo não citou o Brasil, onde um leilão de espectro só deverá acontecer em março do próximo ano. Por outro lado, a operação na Áustria deverá lançar o 5G até o final de 2019, uma vez que a empresa já adquiriu frequências em um leilão em março deste ano.