A Qualcomm finalizou o segundo trimestre de 2019 com uma receita de US$ 9,6 bilhões, aumento de 74,5% ante US$ 5,5 bilhões de um ano antes. O motivo principal para o crescimento das receitas foi o acordo firmado com a Apple em abril deste ano, que rendeu US$ 4,7 bilhões no período para sua divisão de licenças, a QTL.

Por sua vez, os gastos da Qualcomm diminuíram de US$ 4,6 bilhões para US$ 4,3 bilhões com o fim da disputa legal com a Apple. O lucro operacional subiu quase cinco vezes, de US$ 903 milhões para US$ 5,1 bilhões. E o lucro líquido da empresa no fim de junho foi de US$ 2,1 bilhões, incremento de 75% comparado ao US$ 1,2 bilhão do segundo trimestre de 2018.

Por divisão

O dinheiro do acordo da Apple veio em boa hora para a Qualcomm. Principalmente pelo recuo das receitas em suas principais áreas de negócios. A divisão de tecnologia, a QCT, registrou queda de 13%, de US$ 4 bilhões para US$ 3,6 bilhões. A unidade de licenças, QTL, obteve US$ 1,2 bilhão de receita (excluindo o dinheiro da Apple), queda de 10% ante US$ 1,4 bilhão de um ano antes.

Na apresentação feita para analistas nesta quarta-feira, 31, a companhia explicou que houve uma “redução na demanda de dispositivos 4G”. Para a Qualcomm, o atual momento é de “preparo do mercado” para a quinta geração da Internet móvel.

De acordo com a companhia de San Diego, 156 milhões de modems para dispositivos móveis (MSM) foram enviados ao mercado no segundo trimestre de 2019, uma queda de 22% ante 199 milhões de um ano antes. Neste cenário, a estimativa da Qualcomm é de queda de 3% em handsets enviados ao mercado mundial, de 1,8 bilhão para até 1,7 bilhão.

Casualidades de guerra

O documento do resultado mostra ganhos da companhia norte-americana com a Huawei da ordem de US$ 150 milhões. Contudo, a companhia ressaltou que o cenário da guerra comercial entre EUA e China pode atrapalhar seus negócios com a empresa chinesa, em especial na divisão de licenças: “As receitas da QTL no segundo trimestre e nos primeiros nove meses do ano fiscal de 2019 incluíram US$ 150 milhões e US$ 450 milhões, respectivamente, de royalties devido a contratos interinos com a Huawei. Esses pagamentos representam valores mínimos e não reembolsáveis de royalties devidos”.

“A Huawei continuará a buscar na China por outros OEMs, impactando negativamente a QCT, uma vez que vendemos um número limitado de chipsets para a Huawei em comparação a muitos outros OEMs chineses. E o impacto negativo para nossos negócios em geral dos ganhos de ações da Huawei às custas de outros OEMs chineses podem ser ainda mais exacerbados se a Huawei não pagar royalties a nós sob seu contrato de licença, uma vez que nosso acordo interino terminou no segundo trimestre”, completou em documento enviado à SEC, órgão similar à CVM.