Com pouco mais de 90 dias de operação oficial no Brasil, a fabricante de drones DJI já obteve seus primeiros sucessos durante a Black Friday no País. De acordo com David Saadia, presidente e fundador da Golden Distribuidora, representante oficial da empresa chinesa no Brasil, todos os equipamentos que trouxe para a data comercial foram vendidos pelos varejistas brasileiros.

“Hoje, a DJI é como uma Apple. Ela é uma empresa com 11 mil funcionários, tem US$ 11,7 bilhões de faturamento por ano e entre 75% e 80% do market share mundial”, comparou o executivo. Em conversa com jornalistas na tarde desta terça-feira, 5, o gestor da distribuidora revelou que a DJI vem preparando-se há dois anos em entrar em território brasileiro. Recentemente, eles definiram a Golden como sua distribuidora e logo adiante começaram as vendas no País.

Três modelos estão sendo comercializados pela Golden, são eles: Spark, Mavic Pro e Phantom 4. Os três dispositivos podem ser controlados pelo app DJI Go (Android, iOS), mas sua interface é apenas em inglês. A opção em português deve chegar no próximo ano.

Importação e homologação

Único executivo da DJI no Brasil, o diretor Manuel Martínez revela que os drones são importados da China. No entanto, ele ressaltou que apenas equipamentos certificados pela Anatel, Anac e DCE serão vendidos aos brasileiros. Como parte do projeto, a fabricante criou um número de série dedicado ao Brasil – desse modo será possível dar assistência técnica aos usuários, entre outros serviços.

Martínez, que faz a ponte entre a DJI e o governo, lembra que o primeiro drone de sua companhia foi certificado em maio deste ano pela Anatel e que o foco da empresa está em vender os dispositivos para o público profissional, semiprofissional e mesmo aqueles que buscam por uma opção de lazer. Entre os segmentos que vê desenvolvimento exponencial estão cinema e fotografia, indústria e agricultura.

Sonho x realidade

Embora o cenário pareça positivo para a parceria DJI e Golden, as empresas ainda têm no alto preço uma barreira. O produto mais barato para o País é o Spark, um drone com câmera de 12 MP, gravação em Full HD, 300 gramas de peso e que tem velocidade máxima de 50 km/h e 16 minutos de autonomia de voo. Ele chega com o preço sugerido de R$ 2.699,10. O mais caro, avaliado em R$ 6.749,10, é o Phantom 4, que possui câmera de 20 MP, grava em 4K a 60 quadros por segundo (fps), alcança 72 km/h e tem 28 minutos de autonomia de voo.

Em defesa dos produtos e dos preços praticados, o vice-presidente de TI da Golden, Fábio Gaia, explicou que os drones estão em varejistas como Kalunga, Magazine Luiza, Fast Shop e varejo regional, com opções de parcelamento a partir de dez vezes de R$ 200, um preço similar a um smartphone de gama média-alta. Além disso, Gaia lembrou que os preços dos drones para a Black Friday e para o Natal estão menores do que se os consumidores comprassem no exterior – como em Miami e em Ciudad del Leste, centros comerciais mais comuns para esta prática.

O gestor da distribuidora ressaltou que, neste caso, mesmo que o usuário pague os R$ 200 para homologar seu drone DJI junto à Anatel, não terá assistência, pois comprou fora do País e sem o número de certificado brasileiro. Outro ponto apresentado pelo fundador é que, dos 10 mil drones da fabricante que são homologados no Brasil por mês, apenas 40% foram adquiridos em canais oficiais brasileiros. Porém, acredita que o cenário deve mudar nos próximos meses.

Estratégia 2018

Para 2018, Saadia, da Golden, afirmou que sua empresa fará um lançamento de drone no primeiro trimestre. Esta será a primeira apresentação em múltiplos países, algo de amplitude mundial que inclui o Brasil. Outra estratégia da Golden/DJI são as parcerias com varejistas de surfe e esportes, algo que tem feito o negócio da empresa chinesa escalar, em especial após patrocinar etapas do Campeonato Mundial de Surfe (WSL). Questionado se a DJI terá loja física no País, ele afirma que está no plano estratégico a longo prazo, mas não é prioridade para o próximo ano. “2018 é o ano de dar garantia e segurança para o usuário”, frisou.

Em conversa com Mobile Time, Martínez ressaltou que a atuação da DJI se restringe ao hardware, ou seja, a empresa não pretende criar nenhuma aplicação ou software, além de seu app DJI GO. Ele explica que no ano que vem a companhia chinesa ainda fará eventos no Brasil para dar aos desenvolvedores informações para criação de apps. Explica ainda que a ideia da DJI é ser uma plataforma aberta para suportar esses parceiros, que já podem criar aplicações por meio do DJI SDK, incluindo ferramentas baseadas em realidade aumentada e realidade virtual.

Alçando voo, mas não tão longe

Embora possam voar a uma altura de até 500 metros, as regras da aviação civil brasileira libera o uso dos drones a até 120 metros de altura. Os equipamentos possuem ainda uma cerca virtual (geofence) que proíbe o voo em áreas restritas, como aeroportos e bases militares.