[Atualizado às 17h58 do dia 18/10/2023 com informações da Audible] O cenário do áudio móvel brasileiro ganhou um novo capítulo no começo deste mês com a chegada da Audible (Android, iOS). A assinatura do serviço da Amazon de audiolivros chega com aproximadamente 100 mil títulos. Dos 600 mil títulos no mundo, 100 mil deles estarão disponíveis para os brasileiros, sendo 4 mil em português.

Porém, esses livros só ficam disponíveis na íntegra após a pagarem pelo plano. Os usuários ainda podem adquirir os outros 500 mil títulos por compra singular.

No Audible, a falta de degustação é  notória , uma vez que o usuário pode acessar apenas  algumas amostras e podcasts. Em teoria, os consumidores teriam direito a 30 dias de degustação e o assinante do Prime teria acesso gratuito por 90 dias. Na prática, eu, um assinante do Prime há anos, entrei com meu e-mail no Audible no dia 1 e não tive nada. Outro caso relatado de assinante Prime até conseguiu o acesso gratuito, mas a plataforma informou que cobrará a primeira mensalidade no dia 4 de novembro, dois meses antes do prazo prometido.

Hoje, o plano da Audible sai por R$ 20. Um valor padrão para o mercado de áudio brasileiro, uma vez que Ubook (Android, iOS), Storytel (Android, iOS) e Leer+ da Skeelo (AndroidiOS) cobram o mesmo preço. Daí vem o ‘X’ da questão (abraço, Eike e Elon), qual o diferencial da Audible para as outras plataformas?

A plataforma de audiolivros da Amazon se diferencia por ter player diferenciado com funções como chacoalhar o smartphone para ampliar o tempo limite (timer da leitura), o modo automóvel e reprodução automática do próximo tema, além de podcasts atualizados.

Isso em um cenário com 38% de brasileiros que ouvem podcasts em seus celulares, como mostrado pela recente pesquisa Panorama de Apps Mobile Time/Opinion Box de maio deste ano. Por outro lado, será difícil quebrar uma barreira com dois terços dos consumidores (64%) concentrando suas audições em Spotify, YouTube e Deezer.

Ainda de acordo com a pesquisa, em livros, se considerarmos ebooks e mais audiolivros, 40% já leram ou ouviram um livro no smartphone com Amazon Kindle (25%), Google Play Livros (10%), Skeelo (8%), Adobe Acrobat (3%) e Wattpad (3%).

Mas o mercado de audiolivros precisa evoluir bastante e oferecer acervos completos de uma determinada saga. Independentemente do idioma, qual o problema de oferecer o acervo de ebooks e audiolivros completo ao usuário brasileiro? Por que trazer acervo da assinatura reduzidobe com grande parcela na venda individual, se o consumidor está pagando? Isso é um problema similar àquele que vemos no streaming com séries que vem com temporadas ou filmes de franquia que vem incompletas ao País e até mesmo do mercado de livros em papel.

Por exemplo, se compararmos, tive dificuldade no Audible em encontrar temas e livros que vejo com mais facilidade na navegação do Skeelo e no Storytel. Além disso, em navegação, ao abrir um app de audiobook e ebook quero que seja como uma biblioteca, um sebo, uma livraria. Não tem essa experiência em nenhum dos apps hoje. O usuário fica refém da busca ou das indicações.

Mas como assinante do Storytel desde a oferta de R$ 15 no meio da pandemia, gostaria de ver opções de planos família, casal, estudante. Dito isso, não vejo motivo de a Amazon deixar de ‘combar’ Kindle e Audible no Brasil. Uma estratégia que seria arrebatadora, como Disney fez com Disney+ e Star+.

Também acho legal que os outros rivais disponibilizaram ebooks (textual) e clubes de leitura, ao lado da versão em áudio. Oferecem o documental, ao mesmo tempo que criam uma comunidade. Isso possibilita criar mais comunidades, espaços e levar essas histórias para o O2O (online-to-offline), como grupos de RPG.

Talvez o avanço do Spotify no mercado editorial balance um pouco a oferta de audiolivros e veremos plataformas mais robustas no futuro. Mas hoje, a escolha vai ao gosto do cliente. Quer audiolivro com podcast, Audible tem um acervo bom. Quer ebook com audiolivro e acervo completo, o Storytel é uma boa opção. Quer ebook, audiobook e comunidades, Skeelo é a sua alternativa. Agora, se o usuário aprender um idioma, ouvir podcasts, programas de comédia em áudio, ler ebooks – best-sellers e até histórias famosas da Netflix como ‘O Irlandês’ –, o Ubook é a sua opção.

Imagem principal: Lançamento da Audible (crédito: Anna Baisi/Mobile Time)