| Publicada originalmente no Teletime | O debate sobre o uso do 6 GHz no Brasil ganhou mais um capítulo com a divulgação de relatório da Dynamic Spectrum Alliance (DSA) que reiterou o impacto projetado de US$ 689 bilhões na economia nacional em dez anos, caso a faixa de espectro seja utilizada integralmente pelos serviços de Wi-Fi.

O relatório, elaborado ao lado da Telecom Advisory Services, é uma resposta a questionamentos a um estudo da dupla, publicado em 2024. Recentemente, os números da DSA foram contestados pelo Instituto de Pesquisa para a Economia Digital (IPE Digital), que defende a divisão do 6 GHz como caminho de maior benefício econômico ao País.

“Embora qualquer contribuição rigorosa para esse debate crítico seja bem-vinda, as conclusões da refutação do IPE se baseiam em uma série de erros metodológicos e conceituais que interpretam de forma equivocada tanto os princípios da engenharia de redes quanto os fundamentos econômicos”, afirmaram a DSA e Telecom Advisory Services, na tréplica.

Um dos pontos defendidos pela dupla dos questionamentos do IPE Digital foi a projeção de incremento de 0,73% no PIB brasileiro caso as velocidades médias da banda larga fixa dobrem, apoiadas pelo uso do 6 GHz pelo Wi-Fi. A DSA negou que tal contribuição seja superestimada; segundo a entidade, a cifra é fruto de uma análise rigorosa de um amplo conjunto de dados, abrangendo 49 países e 575 observações trimestrais entre 2008 e 2019.

Outro ponto polêmico da disputa de narrativas gira em torno das velocidades médias do Wi-Fi. Para a DSA, sem a faixa completa de 6 GHz a velocidade média da banda larga fixa  enfrentaria gargalos e ficaria limitada a 150 Mbps em lugares com alto movimento de tráfego, mesmo que o usuário tenha um plano mais alto contratado.

Os números foram contestados pela IPE Digital, que apontou velocidades acima de 1 Gbps como possíveis com o espectro já destinado para o Wi-Fi. A tréplica da DSA, por sua vez, aponta que tais desempenhos só são viáveis “no melhor cenário possível, sem congestionamento ou interferência”, não sendo representativos da experiência média do usuário.

A disputa

A faixa de 6 GHz foi destinada integralmente ao Wi-Fi em 2021, em decisão revertida pela Anatel no ano passado, após anos de pleitos do setor móvel. Agora, os planos são uma divisão da capacidade de 1.200 MHz, com leilão de 700 MHz da faixa para serviços móveis (IMT) e manutenção de 500 MHz para o Wi-Fi.

O cenário tem gerado protestos de entidades de pequenos provedores de banda larga. Já para a DSA, que advoga por políticas flexíveis de uso de espectro, o debate marca um momento crítico para a política digital brasileira, com potencial de “afetar profundamente a trajetória econômica do País na próxima década”.

 

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