A infraestrutura de dados é o “debate da década”, de acordo com o presidente da Dataprev, Rodrigo Assumpção. A fala ocorreu durante o evento Smart gov Brasília, organizado pela Associação Nacional das Cidades Inteligentes, Tecnológicas e Inovadoras (Anciti), nesta terça-feira, 29.
Para o presidente da Dataprev, a tarefa mais importante atualmente é organizar a infraestrutura de dados na mesma importância de estruturas como portos, aeroportos, estradas e ferrovias e é algo que todos os países estão enfrentando.
“Não será soberano, não conseguirá exercer nenhuma política pública, não conseguirá existir como sociedade no século XXI o país ou a sociedade que não tiver controle sobre seus dados”, pontuou.
Assumpção destacou, ainda, que os tempos são de “guerra de dados, que são capturados em todas as áreas industriais”. “O agro é o nosso maior exemplo. O dado de cada trator comprado é transmitido em tempo real. Não apenas o consumo de gasolina, os elementos mecânicos, o que seria razoável, mas a geolocalização do que está sendo plantado, qual é a regulação, o insumo agrícola que está sendo utilizado, isso um ano antes da saca. Você junta isso com dados climáticos e você especula na bolsa de grãos, construindo o preço.”
“Uma empresa pública tem que ser mais eficiente do que a privada, porque o prejuízo é de todos. A infraestrutura pública de dados não é algo que o MGI seja capaz de entender a dimensão total, quanto mais ser dona de um processo. A Dataprev cuida de um pedaço minúsculo e é o maior pedaço hoje. Mas é minúsculo em relação à tarefa diante de nós”, avaliou.
O presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Ricardo Cappelli, citou o caso da prefeitura de Recife/PE, “que envia por mês 7 milhões de mensagens de WhatsApp para uma população de 1,6 milhão de habitantes com serviços”, como um exemplo do desafio para o uso de dados na gestão pública. “Então o cidadão não precisa ir até a prefeitura pedir o seu direito. O direito chega até ele de forma automática, inteligente e integrada”.
Além da infraestrutura de dados, regulação deve ser vista, diz Cappelli
Segundo Cappelli, o setor público precisa acompanhar as mudanças que tecnologias como a de inteligência artificial estão causando, “sob risco de ser questionado pela própria sociedade”. Ele defende que, para esta transição, é necessário acabar com a burocracia do estado.
“Uma das principais demandas da indústria é destravar gargalo regulatório. Você tem em média 900 novas normas no Brasil todos os dias. Só no governo federal são 136 órgãos ou agentes reguladores que emitem uma norma, uma obrigação. É impossível desenvolver o Brasil com o hospício regulatório como esse. Como fazer um governo digital ágil se todo dia a regra muda ou tem uma regra nova?”, questiona Cappelli.
Foto: Crédito: Ândrea Malcher