O iFood (Android, iOS) planeja criar para o próximo ano um orquestrador de agentes de inteligência artificial. Atualmente a companhia tem mais de 190 modelos proprietários de IA que podem ser incorporados ao orquestrador e permitir conversas entre eles para trazer mais fluidez às trocas de informações e resoluções para seus clientes.
A informação foi compartilhada por Eduardo Olímpio, diretor de tecnologia da companhia nesta terça-feira, 5. Durante conversa com jornalistas no iFood Move, evento organizado pela empresa em São Paulo nesta semana, o executivo confirmou que o orquestrador deve chegar a partir de março do próximo ano.
O cronograma deste arranjador de agentes coincide com os avanços programados para a agente Cris. Lançada oficialmente nesta terça-feira, 5, esta nova agente tem como intuito ajudar a restaurantes a vender por meio de informações suas e do ecossistema local.
“Olhando para frente, nós imaginamos que os agentes vão se conversar. Por exemplo, a Cris pode conversar com a agente de atendimento e definir se um restaurante precisa ser atendido por um humano ou não”, explicou.
Até março de 2026, a expectativa do iFood é que Cris seja liberada para toda a base de restaurantes. Atualmente, a tecnologia está disponível para 10 mil comércios e até o final do próximo de mês de setembro deve chegar a 20 mil, ou seja, dobrando a sua base.
Uso da Cris
Com dados do restaurante e do ecossistema em que está incluído, a assistente funciona via WhatsApp, é completamente conversacional e pode ajudar os comerciantes a acompanharem números com pedidos recebidos, cancelamentos, avaliações e até auxiliar na criação de campanhas promocionais.
Para esta publicação, Olímpio destacou o fato que Cris ajuda no funil de vendas, ao acompanhar a visita ao cardápio e dar dicas de como o negócio pode melhorar ante outros similares em sua região. Assim, a agente de IA mostra quais pratos são menos consumidos ou não tiveram tanta atração sem promoções.
Inicialmente, a assistente serve apenas para dados do delivery e não está incorporando informações dos salões dos restaurantes.
Tecnologia da Cris
Olímpio revelou que a agente tem uma estrutura baseada em grandes modelos de linguagem próprio e de mercado. Com isso, o iFood usa tecnologias de fornecedores com como Anthropic, OpenAI e DeepSeek, além de uma plataforma proprietária que usa todas elas e um LLM próprio da Prosus.
Por estar plugado em uma plataforma da holding holandesa, Olímpio foi questionado por esta publicação se os dados saem do país. O executivo negou e disse que todos os dados são tratados de forma anonimizada e dentro da LGPD e que o treinamento dos modelos é feito em uma camada interna sem enviar para o exterior.
“Estamos investindo no parque tecnológico e no nosso time. O desafio de custear o armazenamento de dados (para a agente) não é diferente de outros que enfrentamos, como a alta de demanda em momentos como o jantar”, explicou, ao lembrar que parte do investimento de R$ 17 bilhões do iFood até março de 2026 será em TI.
Assistente virtual
Além da agente Cris para restaurantes, o CEO do iFood e da Prosus na América Latina, Diego Barreto, apresentou uma assistente virtual conversacional para clientes. Ainda em testes essa agente ficará no app principal do iFood (Android, iOS) e, inicialmente, ajudará o consumidor a entender o seu perfil de compras e ver sugestões de pedidos para períodos como almoço e jantar.
“O modelo volta na base e começa a entender pontos que eu não costumo pedir para sugerir a partir das preferências que historicamente eu gosto, mas que tem como parâmetro o que eu acabei de escrever”, disse.
No exemplo mostrado no palco do evento, a transação foi feita completamente via robô, inclusive com a possibilidade de adicionar mais itens ao pedido.
Imagem principal: Eduardo Olímpio, diretor de tecnologia do iFood, e a assistente Cris (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)