O Descomplica (Android, iOS) tem uma missão ousada: requalificar para o trabalho 4,5 milhões de pessoas para o uso de inteligência artificial em suas áreas profissionais nos próximos quatro anos. Vale dizer que, em 14 anos de existência, a plataforma de ensino online – que começa no vestibular e vai até a pós-graduação – formou 3,5 milhões de pessoas.
O número não é cabalístico, mas calculado a partir das seguintes informações:
De acordo com o IBGE são 60 milhões de pessoas inseridas no mercado de trabalho brasileiro. Dessas, 50 milhões possuem ensino médio. E, se pegar dados do último relatório da Future of Jobs, em média, 40% das pessoas no mercado de trabalho serão impactadas pela inteligência artificial – umas mais, outras menos, vai depender da profissão e de seus cargos – ou seja, arredondando, cerca de 25 milhões de profissionais poderão ser impactados pela tecnologia.
“Desse total, 10 milhões precisarão se reinventar, trabalhar em outra função porque seu trabalho vai acabar”, explica Marina Cruz, diretora de revenue da Descomplica, em conversa com Mobile Time. Assim, a ambição é alcançar 30% dos 15 milhões de profissionais que precisam ser requalificados para adequação ao ambiente de trabalho com IA.

Marina Cruz, do Descomplica. Foto: divulgação
Por requalificação, Cruz explica que significa ganhar novas ferramentas, novas habilidades para fazer o seu trabalho de uma forma diferente, mais ágil e eficiente. “É como antes, quando não existia o computador e, de repente, surgiu uma célula na empresa em que poucos podiam usar o equipamento. E, com o tempo, o computador foi parar na mesa de cada um”, exemplifica.
“É a mesma coisa com IA. No momento, existem áreas que usam a inteligência artificial e começam a fazer mudanças nas empresas. Mas, com o tempo, será necessário que todas as áreas aumentem a produtividade e, para isso, todos os computadores, de todas as baias deverão ter IA. A requalificação é fazer com que a mão de obra entenda que ela consegue ser mais produtiva. E a IA vai ajudar a trabalhar nesse formato. É como um assistente inteligente. Você treina essa IA, cria agentes para eles te ajudarem na revisão do seu trabalho, ou com um brainstorm. Enfim, como a IA consegue te tirar do zero e avançar”, resume.
O curso do Descomplica
Para alcançar 4,5 milhões de pessoas em quatro anos, a empresa firmou parceria com a TIM e o Google Cloud para oferecer o curso de IA. Ele é dividido em duas trilhas, sendo a primeira delas gratuita, com três módulos, sobre o Gemini. A ideia é apresentar a IA generativa do Google e como usá-la no dia a dia. Os três módulos somam 8 horas de aula e depois é possível fazer outros dois módulos, mais avançados, mediante uma mensalidade.
“A ideia é que o estudante finalize o curso sabendo mais sobre IA, seu histórico, como ela funciona e como fazer um prompt avançado e extrair o melhor do agente criado”, resume Cruz.
A executiva aposta que o fato de ser de graça e ter a TIM e o Google como parceiros, são fatores que vão atrair muita gente para o curso e o Descomplica chegará à sua ambiciosa meta. Mas Cruz acredita que todo o sistema educacional deve mudar para introduzir aulas sobre a nova tecnologia, de modo que as pessoas saiam dos seus cursos – seja qual for, da pedagogia ao direito, não necessariamente na área tecnológica – usando IA em seu ambiente profissional.
“Cada ano são formadas 4,5 milhões de pessoas e elas não estão preparadas para este mercado. É uma população grande. O MEC deveria atuar de forma mais próxima para poder garantir que a força de trabalho saia bem qualificada para o mercado. Precisa haver uma mudança estrutural na forma como as pessoas estão sendo entregues ao mercado hoje, ou a gente vai enxugar gelo”, resume.