A comissão especial que analisa o Marco da Inteligência Artificial (IA) na Câmara dos Deputados debateu os desafios de sustentabilidade do setor, nesta quinta-feira, 2. Durante a audiência pública, convidados alertaram para os impactos das infraestruturas de IA, data centers, para o meio ambiente.
Luã Cruz, coordenador do Programa de Telecomunicações e Direitos Digitais do Instituto Brasileiro de Defesa de Consumidores (Idec), pontuou que o brasileiro gasta cerca de nove horas em frente a tela do celular diariamente, o que ressalta a importância do debate para o país.
“E usar o celular significa produzir dados ininterruptamente. (…) Pelo menos na década de 1990 a gente entrava na internet, se preparava, sentava na mesa, ligava o computador e acessava a internet. Hoje não existe mais isso e a internet é parte da nossa vida”, disse Cruz.
A coordenadora de inteligência artificial do Laboratório de Políticas Públicas e Internet (Lapin), Camila Cristina, destacou que nos debates sobre data centers não se aborda em centro de dados voltados para treinar modelos brasileiros, um desafio para a soberania do país sobre a questão.
“Esses data centers que são relacionados à inteligência artificial, são um dos grandes pontos das políticas de atração também são os que vão ter os maiores custos ambientais”, completou ela.
A coordenadora relembrou que os centros de dados são a espinha dorsal de tudo que há na internet e são diferentes os tipos de data centers, de acordo com o serviço que prestam ou para qual empresa, por exemplo.
Data centers de hiperescala são os “maiores centros de dados do mundo” e os de colocation funcionam como espécie de “aluguéis” das estruturas para outras empresas, um tipo de serviço que “abre margem perigosa” para um cenário de “quintal de data centers”.
“A gente vai construir a infraestrutura aqui, arcar com todos os custos de recursos, só que os serviços que vão estar hospedados vão ser para serviços brasileiros ou estrangeiros?”, questiona ela.
Cristina também ressaltou a necessidade de estruturas de refrigeração das máquinas e backup de energia.
Julia Catão Dias, coordenadora do Programa de Consumo Responsável e Sustentável do Idec, alertou para a sobrecarga de sistemas de energia. “Esse ano, nos Estados Unidos, que é um país que tem muitos data centers, teve um aumento de 180% da conta de luz das pessoas. E muitas vezes ligado à isenção fiscal para essas infraestruturas.”
Ilustração produzida por Mobile Time com IA