Existente desde 1956 e popularizada no início da década de 2020, a inteligência artificial (IA) deixou de ser um tema de ficção científica e se tornou parte essencial do nosso cotidiano — especialmente com o avanço da chamada IA generativa, uma tecnologia capaz de criar novos conteúdos como textos, imagens, músicas e até códigos de programação.
Explicando de maneira simples, a IA generativa é um tipo de inteligência artificial que aprende com grandes volumes de dados e usa esse aprendizado para gerar coisas novas e originais. Enquanto outras IAs apenas analisam ou classificam informações existentes, a generativa “cria” textos, imagens, vídeos e até composições musicais que nunca existiram.
Por trás de toda essa revolução e inovação estão os LLMs (Large Language Models), sistemas que funcionam como um “autocompletar” superinteligente, prevendo estatisticamente qual é a próxima palavra mais provável em uma sequência. Eles não sabem fatos, mas aprendem padrões. Assim, quando perguntamos “Qual a capital do Brasil?”, o modelo prevê que a resposta mais provável é “Brasília”.
Ao contrário do que muitos imaginam, hoje em dia as aplicações da IA generativa vão muito além dos chatbots de conversação. Elas estão presentes em áreas como criação de imagens e design digital, produção de músicas e vídeos, desenvolvimento de software, medicina e pesquisa científica.
Além disso, essa tecnologia está revolucionando setores inteiros no ambiente corporativo. Um bom exemplo – e mais próximo do nosso cotidiano – é o setor de delivery de foodservice, em que as soluções disponíveis usam IA generativa para automatizar e humanizar todo o atendimento via WhatsApp — desde tirar dúvidas até fechar pedidos e enviar as ordens diretamente para a cozinha.
Você deve estar se perguntando qual a estrutura que está por trás de toda essa evolução e a resposta é: de um lado, estão as gigantes da tecnologia, como Google, Microsoft e OpenAI, que investem bilhões no desenvolvimento dos “cérebros” — os LLMs; do outro, as startups, que “alugam” esse poder computacional e o aplicam a problemas reais de nichos específicos. Costumo dizer que, enquanto as big techs constroem os motores a jato, as startups desenham os drones e os aviões executivos que vão usá-los. Essa combinação entre poder e especialização cria uma explosão de inovação e faz surgir produtos totalmente novos em um ritmo jamais visto.
Os investimentos em IA generativa, inclusive, vivem uma verdadeira corrida do ouro, pois o mercado está entendendo que se trata de uma commodity do futuro e, por esse motivo, os investimentos estão crescendo cada vez mais. E os grandes investidores buscam por startups que não tentam reinventar o cérebro da IA, mas que usam modelos existentes para resolver problemas específicos.
Como alguém que respira tecnologia diariamente, afirmo com segurança que não é fácil acompanhar toda a evolução tecnológica da IA generativa. Não estamos falando de uma mudança como a dos celulares para smartphones, mas de uma tecnologia que, em seis meses, torna-se irreconhecível. Hoje, qualquer software que não tenha uma função “inteligente” já parece ultrapassado.
Apesar do potencial, o desenvolvimento de soluções baseadas em LLMs ainda enfrenta desafios técnicos importantes. Um deles é o controle das chamadas “alucinações”, quando a IA responde algo incorreto com total convicção. A minha experiência mostra que são necessários, em média, dois anos de pesquisa e desenvolvimento para minimizar esse problema e criar um produto confiável, capaz de equilibrar automação e precisão.
A IA generativa e os LLMs não são apenas o “próximo software” — são o novo sistema operacional dos negócios e do conhecimento. Eles estão redefinindo o modo como trabalhamos, aprendemos, consumimos e nos relacionamos com a tecnologia. O futuro não pertencerá à inteligência artificial, mas às pessoas que souberem usá-la.
Em um mundo onde o “mágico” vira “padrão” em questão de meses, a única estratégia que realmente falha é esperar para ver. Aqueles que experimentarem, aprenderem rápido e tiverem coragem de desaprender o velho serão os líderes dessa nova era digital.
