Nas duas últimas décadas, um dos principais pontos de foco da indústria de tecnologia foi o desenvolvimento de plataformas para conectar o ambiente online ao offline. As redes sociais, os marketplaces e as experiências digitais revolucionaram a forma como muitos de nós interagimos e consumimos. Mas as principais transformações relacionadas à convergência do real com o virtual devem acontecer nos próximos anos, com o aprimoramento e a ampliação do metaverso.

As conversas em torno do metaverso cresceram e atraíram a atenção de muitas pessoas desde 2021. A ideia central é utilizar tecnologias como Internet, realidade virtual e realidade aumentada para criar uma rede de ambientes online capaz de recriar o mundo real. Dessa forma, quem somos no universo digital seria uma extensão de quem somos no ambiente offline.

Ao analisarmos as possibilidades do metaverso, devemos considerar as mudanças que acontecerão na indústria de pagamentos. Por exemplo, para as instituições financeiras, o metaverso representa um ponto de inflexão estratégico e deverá acelerar tendências como o desenvolvimento de soluções e serviços de vendas e marketing, as estratégias de gestão de risco e a popularização de ativos digitais.

Com o crescimento demográfico dos millennials (indivíduos que nasceram de 1980 a 1994) e da geração Z (nascidos de 1995 a 2010), o desafio das empresas financeiras é desenvolver portfólios e incorporar soluções de pagamento digital compatíveis com as expectativas desses nativos digitais.

Algumas instituições financeiras já começaram a construir filiais no metaverso. Além de usarem os universos virtuais como um novo canal de entrega, as organizações devem entendê-los como fontes relevantes de dados. Visto que as carteiras digitais têm sido um ponto focal na negociação de ativos virtuais e podem se converter em uma forma de identidade digital, um dos objetivos estratégicos das empresas é vislumbrar a construção de um portfólio baseado em carteiras online e buscar oportunidades.

Modelos alternativos de pontuação de crédito estão sendo desenvolvidos para preencher uma lacuna nos modelos tradicionais, centrados principalmente em dados financeiros. Um exemplo são as estruturas baseadas em algoritmos que usam outros tipos de dados para oferecer uma panorama mais amplo do comportamento financeiro e da confiabilidade de um consumidor.

No modelo atual, algumas instituições financeiras não têm acesso a todas as atividades dos consumidores. Ao transferirem os gastos dos clientes das plataformas online atuais para novos formatos no metaverso, as organizações terão novas possibilidades de personalizar e desenvolver produtos.

Nesse contexto, fintechs de diferentes regiões do mundo estão trabalhando em modelos alternativos de pontuação de crédito para terem sucesso no setor e podem vir a gerar novas oportunidades de colaboração com parceiros tecnológicos e financeiros. Nos Estados Unidos, já existe um cartão de crédito voltado para o público jovem que, aliado a um algoritmo exclusivo, permite que o consumidor construa seu histórico de crédito.

Outro ponto fundamental para o sucesso das instituições financeiras no metaverso é investir em marketing e no desenvolvimento de parcerias. A colaboração com empresas de jogos, entretenimento e esportes pode ser uma maneira eficaz de capturar a atenção e engajar consumidores das gerações millennial e Z, que costumam apresentar alta taxa de fidelidade.

Com essa nova estrutura, as empresas do setor financeiro devem definir estratégias e prioridades para aproveitar as oportunidades trazidas por essa nova revolução digital, em um momento semelhante ao de duas décadas atrás, quando os marketplaces online revolucionaram os hábitos de compra dos consumidores. Uma coisa está clara: o metaverso será um divisor de águas à medida que formos evoluindo da internet da informação para a internet do valor.