A chegada da quinta geração da Internet móvel nas capitais brasileiras até novembro de 2022 abre portas para um mundo de possibilidades. Além de aumentarmos a conectividade da população, os benefícios do 5G vão muito além do que baixar nossos filmes favoritos em poucos minutos. A velocidade ultrarrápida do 5G nos permitirá desenvolver soluções tecnológicas inéditas nos mais variados setores como cidades inteligentes, educação, telemedicina, varejo, entre outros, revolucionando a forma como acessamos e utilizamos a internet especialmente no meio corporativo.

Com transmissão de dados até 100 vezes mais rápida do que o 4G, o 5G também vai permitir mais dispositivos conectados à rede sem perdas de velocidade – enquanto o 4G suporta por volta de 10 mil dispositivos por quilômetro quadrado, a quantidade de dispositivos conectados por quilômetro quadrado na quinta geração pode atingir cerca de 1 milhão. O acréscimo de aparelhos conectados também deve aumentar consideravelmente a quantidade de dados gerados no mundo.

Somente em 2020, o mundo gerou diariamente, em média, 176 bilhões de GB de dados, e a previsão é de que até 2025 esse número aumente para algo em torno de 495 bilhões de GB diários, segundo a consultoria IDC. Além disso, a indústria prevê que aproximadamente dois terços da população global terão acesso à Internet em meados de 2023, com cerca de 5,3 bilhões de usuários e com o número de dispositivos com IP conectados à rede sendo mais de três vezes o número da população mundial de 2023.

Um suporte mais amplo a mais dispositivos conectados ao mesmo tempo deve disseminar ainda mais a utilização de recursos como IoT (Internet das Coisas) e inteligência artificial (IA). E uma estimativa da Intel aponta que até 2025 55% dos dados produzidos no mundo serão gerados por dispositivos IoT. Neste contexto de um aumento vertiginoso de dados gerados, é natural que empresas e governos utilizem essas informações para melhorar suas operações e a experiência do consumidor final, e isso só pode acontecer com agilidade no processamento desses dados, que tende a acontecer com uma descentralização do uso do data center neste processo e aproximação do processamento de dados onde eles são gerados, perto dos usuários.

Diante disso, a computação de borda, ou edge computing, em inglês, aparece como opção perfeita para a infraestrutura não ser um gargalo para todas as possibilidades que o 5G pode trazer, de modo que se mostra essencial para suportar novas cargas de trabalho, IoT e suporte à transformação digital devido à redução de latência em comparação ao processamento de dados no data center. Isso é possível porque a computação de borda permite a coleta e o processamento de dados no local onde eles são gerados, seja em lojas, semáforos de grandes cidades, chão de fábrica, entre muitos exemplos. A redução de latência acontece devido ao fato de, no edge computing, os dados não precisarem trafegar até o data center tradicional para serem processados, analisados e aplicados – um servidor de borda pode ser instalado nos próprios locais onde os dados são gerados e realizar esses procedimentos. A cobertura 5G deve habilitar esse processamento em tempo real, mesmo em lugares remotos, utilizando recursos de inteligência artificial e desbloqueando, assim, o potencial da computação de borda.

Essa descentralização do uso do data center é especialmente importante quando falamos de um país de dimensões continentais como o Brasil. De acordo com estimativas do Gartner, 75% dos dados gerados pelas empresas globalmente serão processados na borda em 2025, e otimizar a maneira como os dados são processados diretamente no ponto de origem deve alavancar ainda mais a transformação digital.

As vantagens da utilização da edge computing vão além da agilidade no processamento de dados e diminuição de latência. Dentre os benefícios estruturais da tecnologia estão o menor custo de rede após a instalação, já que possui diversos gateways de borda, menos atrasos para o envio de dados, evita limites de largura de banda, mais controle sobre os dados confidenciais, experiência mais rápida para usuários finais, menor tempo de carregamento e aumento na disponibilidade devido ao monitoramento em tempo real, características que trazem mais competitividade às empresas e uma consequente aceleração nos insights de negócios.

Mesmo ainda sem atingir o potencial máximo do 5G, alguns lugares do mundo já combinam a nova geração da rede móvel com a computação de borda. A cidade de Barcelona, na Espanha, apostou na edge computing como base para seu conceito de cidade inteligente, combinando a tecnologia com outros serviços que efetivamente criarão um ecossistema de inovação aberta para impulsionar a transformação nas experiências diárias na cidade. Dentre os setores que caminham para uma transformação inteligente estão a área educacional, com amplo suporte no ensino a distância, Indústria 4.0, mobilidade na cidade e em ambientes industriais, experiência do cliente utilizando tecnologias como realidade virtual e aumentada e aumento na segurança pública por meio de captura de imagens.

A tecnologia 5G e as soluções de computação de borda oferecem potencial inovador e nos permitem solucionar problemas do mundo real, como ensino a distância, cirurgias remotas, as já mencionadas cidades inteligentes e muito mais, além de gerar novos fluxos de receita para companhias de muitos outros segmentos. O Brasil, com tradição na adoção de tecnologias emergentes, tem a chance de utilizar esses dois métodos em conjunto para pavimentar o caminho das empresas, de todos os tamanhos, na transformação inteligente e, assim, ajudar a construir uma sociedade mais inclusiva e inovadora.