No mercado de tecnologia, é comum encontrarmos profissionais atuando em dois modelos de contratação: registrados seguindo a CLT ou prestadores de serviço PJ. Cada um faz sua escolha visando o que seria melhor para seu momento profissional, seja a estabilidade que o sistema CLT pode trazer, ou a maior liquidez de salários. A busca de modelos CLT para profissionais de tecnologia está pautada em pontos de estabilidade, como: FGTS, férias remuneradas, 13º salário, seguro saúde, entre outros. Benefícios que podem ser o diferencial na hora da escolha de uma oportunidade de trabalho. Outro ponto de grande importância nessa decisão é a atuação em contratos por tempo indeterminado, que gera maior segurança, estabilidade profissional e financeira.

Já em relação aos profissionais que buscam a modalidade PJ, eles recebem maior liquidez de salários, o que traz maior ganho financeiro, flexibilidade para atuar em diversas empresas e projetos simultaneamente, assim como jornadas de trabalho mais flexíveis. Para o lado do empregador, a vantagem é não arcar com despesas de folha de pagamento, FGTS, benefícios, tributos e férias, se contrapondo ao modelo CLT usual das organizações.

O perfil de profissionais que buscam a modalidade PJ em geral contempla candidatos jovens, ainda em fase de formação profissional ou acadêmica, e normalmente com forte perfil técnico, que buscam se desenvolver em diferentes projetos simultaneamente, possibilitando ganhar novos aprendizados em cada empresa onde prestam serviços, complementando assim seus conhecimentos e experiências. Desenvolvedores, Programadores, Arquitetos de Sistemas, DBA entre outros profissionais de áreas técnicas, têm uma maior tendência em atuar nessa modalidade. Para efeito de comparação, dos processos conduzidos neste ano de 2020, até o momento, apesar da modalidade CLT ainda prevalecer, tivemos um incremento de 15% no total de vagas em modalidade PJ em relação ao ano passado.

Segundo pesquisa da Spring Professional realizada em 16/03, o valor desejado pelos profissionais de TI, para uma posição em um modelo PJ fica em torno de 30% superior a modalidade CLT para a mesma vaga e escopo de trabalho, fazendo assim com que esse mercado se torne cada vez mais competitivo em busca de profissionais qualificados, aumentando a escassez desse tipo de mão de obra. Os empregadores que necessitam desses perfis precisam se adaptar, e muitas vezes optar pelo modelo PJ, elevando assim sua concorrência dentre as empresas no mercado.

Devido à pandemia do novo coronavírus, a competitividade do mercado de TI em alguns cargos já está mudando. Com as incertezas de tempo e fluxo de caixa, as empresas ainda não possuem informações necessárias para tomarem algumas medidas como: redução de jornada, salário ou até mesmo de quadro de funcionários, já que não sabem quantos dias a quarentena irá durar. No cenário atual, tanto o modelo CLT, quanto o modelo PJ, estão gerando muitas incertezas. Nas últimas semanas, o governo vem buscando alternativas para a segurança da economia em nosso país, e com isso lançando MPs que podem deixar o modelo CLT menos atrativo que o PJ para os profissionais. A Medida Provisória pode trazer grandes mudanças no modelo como conhecemos, que permite com que as empresas coloquem seus funcionários de férias se necessário e suspensão do pagamento do FGTS para o trabalhador.

As crises vêm e vão, e resta ao mercado entender qual o melhor caminho a ser tomado, porém cabe a cada um de nós se adaptar ao melhor modelo de trabalho. Devemos ter mais empatia pelas organizações que lutam para manter seus profissionais autônomos ou contratados via CLT. Segundo estudo realizado pelo Itaú, o pico de retomada deve acontecer em setembro de 2020, propiciando um crescimento econômico em 2021. A questão que permanece é: como o mercado irá se adaptar a esse período de transições e incertezas?  Ainda não sabemos dizer. Quanto aos profissionais, cabe a cada um avaliar o que é mais seguro em um momento tão volátil em nossa economia, levando em consideração que as medidas são provisórias e que o cenário econômico deve se estabilizar. Pode ser um tiro no pé migrar para CLT, já que a legislação atual tende a mudar, mas pensando em futuras crises que venham a acontecer, uma contratação CLT definitivamente mitiga os riscos em relação ao modelo PJ, pois tem mais resguardos como por exemplo, o seguro desemprego.