O ano era 2009 e a epidemia de gripe suína estava frequentemente nas notícias, jornais e televisões. Na mesma época, a equipe da Rovio, empresa finlandesa desenvolvedora e distribuidora de jogos eletrônicos, começou a analisar propostas de jogos com potencial no início deste mesmo ano. Uma dessas propostas veio do designer de jogos Jaakko Iisalo, a partir de uma imagem de tela em simulação com alguns pássaros de aspecto zangado, sem pernas ou asas visíveis. Dali, pouco tempo depois, se resultaria no jogo Angry Birds.

Naquele momento, mesmo a imagem apresentada não dando qualquer pista sobre o tipo de jogo que poderia ser, a empresa aprovou os personagens. O designer, então, começou a esboçar um bando de pássaros redondos com grandes bicos amarelos, sobrancelhas grossas e expressões bem marcadas e loucas nos seus rostos. Durante o desenvolvimento do Angry Birds, a equipe percebeu que os pássaros precisavam de um inimigo, criando os porcos para relacionar à gripe suína da época.

A construção da narrativa do jogo envolvia o “malvado” Rei Porco que havia roubado os ovos do rebanho dos Angry Birds, liderados por um vermelho pássaro chamado Red. O rei, por sua vez, enviou seus porcos para entrarem no meio do caminho dos pássaros, que estão em busca de seus filhos. E para a proteção dos porcos, o rei conseguiu colocá-los em uma espécie de castelo de vários materiais, como madeira, gelo e pedras. O rebanho dos pássaros, por outro lado, estava preparado com um estilingue, que os arremessa até a proteção dos porcos, e assim destruindo o castelo.

Por trás disso, o jogador controlava vários tipos de pássaros que estavam tentando recuperar seus ovos e, em cada nível, o objetivo do jogo era eliminar todos os porcos usando um estilingue e, com ele, definindo o ângulo e a força do arremesso.

O jogo foi o 52º jogo produzido pelo estúdio e, no seu lançamento inicial, em dezembro de 2009, não vendeu muitas cópias. A primeira versão do game era exclusiva aos donos de iPhone. Porém, não demorou muito para que ganhasse destaque e rapidamente atingiu o primeiro lugar de apps mais baixados na App Store da Finlândia (seu país de origem), Suécia, Dinamarca, seguida pela Grécia e República Tcheca. Nos Estados Unidos, chegou no meio do ano, e permaneceu durante 275 dias em primeiro lugar entre os aplicativos mais baixados.

Angry Birds chamou a atenção da Chillingo, distribuidora do mercado digital, por ter se tornado número um em outros países, e, por isso, a empresa adquiriu os direitos do jogo e levou seu nome para o mercado do Reino Unido com um forte marketing. A partir deste momento, os downloads – que já estavam altos – se multiplicaram.

O jogo Angry Birds saiu do espectro virtual e invadiu o mundo real. Milhares de produtos consumíveis, entre brinquedos, pelúcias, material escolar, bebidas e peças de vestuário. Além disso, esteve em livros, revistas, parques temáticos e programas de televisão, como também dois filmes criados em 2016 e 2019 sobre a história do jogo. A Rovio passou a ganhar receita não só pelos jogos, mas também por este mercado.

Um dos criadores da empresa finlandesa, Peter Vesterbacka, declarou ainda nos primeiros anos após o lançamento que “o Angry Birds será maior que o Mickey Mouse e o Mario”. Algum tempo depois, ele disse ao Uol que “sim, acho que é possível que Angry Birds se torne maior que o Mario. Mas, para ser sincero, não é nisso que focamos na Rovio”. “Nosso objetivo é apenas entregar experiências legais para nossos fãs, que eles se divirtam. Queremos que Angry Birds seja uma marca que se torne parte da cultura popular e que continue existindo por décadas. Mas que não necessariamente seja maior do que o Mickey ou o Mario”, ressaltou.