Em 2003, a gigante de tecnologia alemã Siemens apresentou sua série de celulares Xelibri, direcionados ao mundo da moda. Mais do que simples aparelhos, eles eram itens fashion, que poderiam ser usados para compor o resto do look. A companhia afirmava que as pessoas os usariam em torno da cintura, pescoço e braços, assim como outros acessórios. Eles apresentavam designs compactos e formas arrojadas. A missão da linha era “tornar o mundo móvel um pouco menos sério, um pouco menos complicado e muito mais divertido”.

Com venda de quantidade limitada, o acessório móvel podia ser preso ao corpo ou à roupa por meio de alças ou clipes, o que era parte de uma tendência de tecnologia vestível daquele momento. A linha foi resultado de uma lacuna no mercado. O design era considerado um dos principais critérios de compra naquela época, mas não havia uma linha voltada exclusivamente a este aspecto. A hipótese da Siemens era de que a maioria das pessoas comprava o celular com a melhor aparência e muitas tinham o hábito de exibi-lo.

A fabricante acreditava que os aparelhos tinham o potencial para serem acessórios de moda, como relógios, bolsas e sapatos, estimulando uma pessoa a rotacionar mais de um celular. “Todas as manhãs você colocará um dependendo do seu humor, assim como escolheria um par de sapatos ou um terno”, disse George Appling, que era presidente da divisão X-Phones da Siemens, na época.

Assim como as coleções de moda, a ideia era apresentar os telefones Xelibri duas vezes ao ano: na primavera/verão e no outono/inverno. A distribuição era predominantemente por meio de butiques de moda e lojas de departamento. O preço variava entre 200 e 400 euros. As primeiras unidades chegaram em abril de 2003 no Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Espanha, Singapura e China, e, em outros locais, a partir de setembro.

O Xelibri 6 tinha um espelho de maquiagem. (Crédito: divulgação)

O tema da primeira coleção era “Espaço na Terra”. Os aparelhos não se pareciam com nada vendido neste planeta. O Xelibri 1 era o “O Retro-Futurista Clássico”, mais adequado para noites elegantes, em ocasiões de cerimônias especiais. O 2 era o “A Beleza Alienígena”. O 3 tinha o formato de um pingente – inclusive estava sendo usado dessa forma por modelos, no dia do lançamento. Era o menor e mais leve de todos. O 4, “O Herói Sombrio”, podia ser preso a golas, bolsas, calças e até mesmo no braço.

A segunda coleção, outono/inverno, foi chamada de “Fashion Extravaganza”, mas também conhecida por “Beleza à Venda”. Lançada em outubro de 2003, ela continha os modelos Xelibri 5 a 8. Esta leva foi descrita como apresentando “cor abundante”, com seus displays de 4.096 cores, novos menus animados e “materiais [que] dão uma pitada de extravagância”. Assim como os da primeira coleção, também tinha recursos básicos, como discagem por voz, alertas de vibração, toques polifônicos, jogos integrados e alarme.

Não demorou para que a Xelibri fracassasse. Em maio de 2004, a Siemens interrompeu as vendas da linha, após comercializar 780 mil unidades em 2003, o que correspondia a apenas 2% do total da companhia. Ela não deu certo por uma série de razões. Os celulares não chamaram atenção pelo design e nem pelo preço. Na época, os consumidores tinham à disposição celulares igualmente bonitos, mas que ao mesmo tempo dispunham de uma série de recursos que os Xelibri não tinham. A primeira coleção era dotada de telas em preto e branco, enquanto o mercado começava a usar coloridas. A segunda já tinha telas coloridas, mas não dispunha de câmera, em um momento em que dispositivos com o recurso começavam a se popularizar.