Um levantamento feito pelo Observatório Softex constatou que apenas 19,2% dos especialistas em tecnologia da informação (TI) no Brasil são mulheres, o equivalente a 89,7 mil dos 470 mil profissionais em atividade. Isso significa que, para conseguir uma paridade entre gêneros até 2030, por exemplo, seria necessário contratar mais 53,5 mil mulheres por ano. Mas, se o ritmo atual de contratações for mantido, a equidade será alcançada somente em 2110.
Os números fogem da proporção da população brasileira, que é composta por mais de 51% de mulheres e até dos vínculos formais de trabalho, em que elas representam 44,7% de profissionais. Por outro lado, eles são apenas a consequência de uma diferença que já se mostra presente na formação. Na área de TI, entre os concluintes, só 17,8% são mulheres. Enquanto em cursos voltados para inteligência artificial (IA), o cenário é um pouco melhor, com 29,8% de formandas, percentual superior aos 22% da média global.
Ao conseguirem uma vaga no trabalho, elas recebem em média R$ 1.618,00 a menos que os homens, mesmo que muitas vezes sejam mais escolarizadas do que eles, uma diferença de aproximadamente 19%. A disparidade aumenta quando se trata de funções mais técnicas do setor, já que programadoras recebem 25% a menos e tecnólogas, 29%.
Entre as que se mantêm resilientes a esses problemas, mirando cargos de liderança, também há grandes desafios. No Brasil, as mulheres ocupam 26,2% das gerências e 13,1% das diretorias do setor de tecnologia. No segmento de cibersegurança, elas são 17% da força de trabalho, enquanto na economia verde digital representam 28% do total.
Quando o comparativo tem recorte regional, a diferença aumenta ainda mais. Nos estados de Amapá, Maranhão e Roraima, elas equivalem a 10% dos especialistas da área. No recorte racial, a disparidade também é bastante significativa. A grande maioria (59,6%) é branca, seguida por 22,9% de pardas, 5,5% de pretas, 2,1% de amarelas e 0,20% de indígenas.
O estudo observa que para reverter o cenário é preciso que exista uma integração entre governo, empresas e instituições de ensino, com o intuito não apenas de atrair mais mulheres para os estudos voltados à TI, mas de também estabelecer políticas de diversidade e fomentar a permanência delas, especialmente após terem filhos.
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