O atraso da votação do edital do 5G é visto por Qualcomm como um movimento “razoável” por parte do presidente da Anatel, Leonardo Euler. Por sua vez, a presidente da Feninfra, Vivien Suragy, acredita que o pedido de vista de Euler é algo “elogiável e muito ponderável”.

Em continuação ao posicionamento da federação na última segunda-feira, Suragy afirma que o adiamento foi necessário pelo excesso de ponderações que surgiram em uma semana, a partir de movimentos do regulador e do governo, como:

minuta do edital do conselheiro Carlos Baigorri em 25 de janeiro;

portaria publicada pelo Ministério das Comunicações com pedido de rede pública fixa, móvel (apenas em DF) e sub-efetiva do Programa Amazônia Integrada e Sustentável (PAIS) na sexta-feira, 29;

votação do edital do leilão do 5G na última segunda-feira, 1º, que agora foi adiado para o dia 24 de fevereiro devido ao ‘pedido de vista’ por parte do presidente da agência reguladora.

Em conversa com Mobile Time nesta terça-feira, 2, a presidente da federação não vê um entrave para o leilão no futuro, mas preocupa-se com a “viabilidade” e a “competitividade”, em razão de potenciais problemas jurídicos, aumento de custos e o fato de não ter concordância dos entes envolvidos. Para a executiva, há uma necessidade de discussões de temas como: prazos e regras; tempo para a migração da banda C para banda Ku; o direito de passagem em estradas mais detalhado; uso do Release 16 do 3GPP (leia-se rede 5GNR SA, mais custosa às operadoras, porém mais potente).

“Nós temos que analisar o detalhe para não corrermos o risco de redução de competitividade. A equação precisa fechar para os participantes”, diz Suragy. “Por exemplo, precisamos do 5G SA hoje? Mas como funcionará, agora que as empresas fizeram suas infraestruturas de modo que a equação feche?”, questiona.

Em resposta por nota a esta publicação, a Qualcomm afirma que o ideal seria a aprovação ter ocorrido na segunda-feira, mas enxerga o prazo dado pelo presidente da Anatel como razoável. Em nota enviada para Mobile Time, a fornecedora acredita que a proposta apresentada por Baigorri foi “favorável”, uma vez que prevê o uso de 400 MHz em 3,5 GHz e 3.200 MHz em 26 GHz.

Além disso, a empresa lembra que o documento prevê a regulamentação e uso de 100 MHz em 3,5 GHz e mais 400 MHz em 27 GHz para redes privadas. Mas, ao contrário da representante da Feninfra, a Qualcomm crê que o edital apresenta de forma clara um cronograma de implementação e as responsabilidades para sua execução.