A maioria dos bancos brasileiros ainda está começando na jornada do open finance, uma vez que 80% das instituições têm até 10% de sua base de clientes que aderiram ao sistema aberto dos bancos. 20% dessas empresas possuem uma base entre 11% e 20% e nenhuma tem acima dos 20%. Os dados foram compartilhados pela Febraban e Deloitte em evento nesta quarta-feira, 3, sobre pesquisa realizada com 16 bancos e 28 executivos que representam 84% dos ativos financeiros da indústria bancária brasileira, entre dezembro de 2022 e março de 2023.

Rodrigo Mulinari, diretor do comitê de inovação e tecnologia da Febraban, explicou que o desenvolvimento do open banking (que está migrando para o open finance com seguradoras, por exemplo) passa pelos bancos levarem “clareza, benefícios e valores” do sistema aberto ao cliente. Deu como exemplo, a oferta de serviços de finanças centralizadas, multibanco, oferta cartão de crédito personalizado, além da melhoria no escore financeiro. Em paralelo, Mulinari afirmou que alguns bancos têm avançado com as primeiras ofertas de serviços baseadas no open finance, como iniciador de pagamentos, serviços externos (canais de venda, marketplace) e oferta de serviços via APIs.

Em respostas múltiplas, até três opções cada, os profissionais de bancos afirmaram que entre as principais formas de geração de valor para atrair os consumidores para o open banking estão:

  • Maior oferta de produtos financeiros, 75%
  • Conhecer melhor o contexto do cliente, 69%;
  • Oferecer o serviço de iniciador de pagamento (ITP), 44%;
  • Melhora na precificação de produtos, 38%;
  • Reduzir crédito, 31%;
  • Expandir negócios não financeiros, 19%.

Para 2023, a expectativa é que 53% dos bancos ficarão na faixa daqueles com até 10% da base de clientes no open banking, 27% com uma base de 11% a 20% dos seus correntistas e 20% com mais de 20% da base.

Uso

Sobre a atuação do open finance na estrutura dos bancos, a maioria (47%) oferta produtos e serviços em canais próprios, mas também usos mais avançados e próximos do cliente. A análise da Febraban-Deloitte indica que cerca de um quarto das empresas (27%) usa o open finance como plataforma exponencial com todos os tipos de serviços conectados oferecidos em conjunto. Outros 13% usam o sistema financeiro aberto como plataforma financeira com ofertas de serviços e canais de distribuição via APIs. Também com 13% está o uso do open banking como provedor de produtos, quando o banco atua com oferta de produtos e serviços white-label.

Esse ecossistema também acelera a consolidação da inovação bancária, uma vez que 93% dos bancos fizeram parcerias com startups em 2022, a maioria focando em meios de pagamentos. Para 2023, a maioria (92%) quer expandir as parcerias e olham principalmente para o segmento de fintechs.

APIs

Um dos motores desse crescimento é o uso de APIs que são oferecidas aos bancos. Chamadas de ‘APIs Externas’ no estudo, elas cresceram mais que o triplo (242%) na comparação entre 2021 e 2022, de 259 para 885 APIs. Mais da metade dos bancos (64%) oferece as APIs via portal do desenvolvedor.  No modelo de governança das APIs, 56% usam modelo centralizado (gestão centralizada do conjunto), 31% distribuído (regras centralizadas, mas que pode ser autônoma) e 13% descentralizado (cada área desenvolve sua API, expõe e faz a monetização).