Goiás; drones; Huawei; 5G

Imagem do vídeo apresentado durante a cerimônia de inauguração do Centro de Excelência de Agricultura Exponencial do Estado de Goiás com drones de captam imagens aéreas de alta resolução da lavoura

O estado de Goiás largou na frente no uso de 5G para o agronegócio no Brasil. Em uma iniciativa liderada pelo seu governo estadual em parceria com Claro e Huawei foram instaladas duas antenas de quinta geração na cidade de Rio Verde/GO usando licenças em caráter experimental concedidas pela Anatel para uso da faixa de 3,5 GHz. Paralelamente, foi inaugurado na mesma cidade, nesta quinta-feira, 3, o Ceagre (Centro de Excelência de Agricultura Exponencial do Estado de Goiás), um centro dedicado a pesquisas em Internet das Coisas (IoT) para o agronegócio. O Ceagre será gerido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano e contou com R$ 15 milhões de investimento por parte do governo de Goiás.

Junto com a entrada em operação da rede 5G e do Ceagre, começam a ser testadas duas soluções de IoT usando a conectividade de quinta geração da telefonia móvel em uma fazenda de soja da região. A primeira delas consiste no uso de um drone para captar imagens aéreas de alta resolução da lavoura e transmiti-las por 5G para a nuvem, onde uma aplicação com inteligência artificial analisa quais as áreas que precisam receber pesticidas. Em seguida, outro drone, também conectado por 5G, sobrevoa a fazenda e aplica o produto químico nas áreas previamente identificadas. A solução consegue cobrir 1 mil hectares por dia e é muito mais barata que o meio tradicional, que usaria aviões para a aplicação do pesticida. 

“Com o drone a economia é entre 90% a 95%. Isso sem falar na velocidade com que o trabalho é feito. E há ainda o benefício para a saúde, pois é possível direcionar a aplicação do pesticida apenas aonde ele é necessário, em vez de espalhar sobre a lavoura inteira”, argumenta Adriano Lima, secretário geral de governadoria do estado de Goiás, em conversa com Mobile Time. 

A segunda aplicação consiste no uso de um robô com rodas que percorre o chão da lavoura com uma câmera de 360 graus, controlado remotamente por 5G. Dotado de sensores de umidade e temperatura, ele verifica as condições da lavoura e identifica pragas que não são percebidas pelas imagens aéreas.

Robô; lavoura; Goiás

Robô com rodas que percorre o chão da lavoura com uma câmera de 360 graus

As duas soluções de IoT foram desenvolvidas por  pesquisadores da UFG (Universidade Federal de Goiás) e do CEIA (Centro de Excelência em Inteligência Artificial). Ambas estão sendo testadas na Fazenda Nycolle.

Alcance e velocidade 

O sinal das ERBs 5G instaladas em Rio Verde cobrem um raio de 8 Km a 10 Km. “É uma região totalmente plana, com vegetação baixa. E a altura das torres é alta. Então o sinal se propaga bem”, explica o secretário. Em testes feitos com um smartphone Motorola edge em Rio Verde, a rede 5G instalada pela Claro e pela Huawei atingiu velocidades de 1,3 Gbps.

As licenças concedidas pela Anatel para o uso experimental da faixa de 3,5 GHz valem por um ano, mas há expectativa de que os projetos não precisem ser descontinuados, caso aconteça o leilão de 3,5 GHz em 2021 e a Claro seja uma das vencedoras.

Tecnologia em Goiás

O uso de 5G no agronegócio e a inauguração do Ceagre são as mais recentes de uma série de iniciativas do governo goiano de estímulo à pesquisa tecnológica. Outro exemplo foi a criação do CEIA no ano passado, com R$ 10 milhões de investimento do estado.

“Estamos pondo Goiás dentro do mapa de inovação do Brasil e do mundo. Aqui há um nível de cultura empreendedora forte, mas faltavam as ferramentas para engajar a sociedade. Antes, pesquisadores e empresários trabalhavam sozinhos, sem apoio, e acabam saindo de Goiás”, relata Lima.