A Nestlé realizou ao longo deste ano testes de três aplicações sobre a rede privativa 5G que montou dentro da sua fábrica em Caçapava/SP, onde são produzidos os chocolates KitKat. Em cada uma o objetivo era verificar alguma característica dessa tecnologia e de sua arquitetura de rede, medindo também potenciais ganhos de produtividade. Todos os testes foram bem sucedidos até o momento e pelo menos outras duas aplicações serão avaliadas ainda este ano, informa Gustavo Moura, gerente de transformação digital da Nestlé, em conversa com Mobile Time. A rede 5G da Nestlé foi montada com a Claro/Embratel.

“Temos o propósito de explorar, entender e aprender sobre essa tecnologia, até para ter um discernimento entre 5G e Wi-Fi6. Qual vale mais a pena? Quais os potenciais benefícios de usar o 5G?”, comenta o executivo.

A primeira prova de conceito na rede privativa 5G da Nestlé consistiu em controlar um robô, ou AVG (automatic guided vehicle), responsável por transportar wafer do recheio do KitKat de uma linha de produção para outra ao lado onde é feita a moldagem do chocolate. Foi verificado que o robô conseguiu desviar rapidamente de obstáculos. “Ficou claro para a gente que há um real benefício, pois aumenta a segurança da operação. Podemos ter vários AVGs sendo atendidos por um único servidor, o que reduziria a infraestrutura”, diz Moura.

O segundo teste serviu para medir o throughput e a latência da rede 5G. A Nestlé conta com uma câmera de alta definição que monitora os chocolates na linha de produção com auxílio de um computador no local para o processamento das imagens. O objetivo é identificar eventuais falhas no produto e comandar seu desvio antes de ser embalado. No teste, o processamento dessa solução de visão computacional foi transferido para a nuvem. A rede 5G passou a enviar uma imagem de quase 1 GB e trazer de volta a resposta processada pelo software de análise de vídeo. “Chegamos a velocidades de 800 Mbps. Eram imagens pesadas, mas deu certo”, relata.

A terceira prova de conceito consistiu na construção de uma representação em realidade virtual da linha de produção do KitKat, para ser usada em treinamento e capacitação de operadoras, com a simulação de algumas condições encontradas na fábrica. Com um óculos de VR, os funcionários podiam ver a fábrica por dentro. O executivo conta que a baixa latência da rede 5G evitou problemas de enjoo de quem experimentou aquela cena virtual em 3D. “Teve gente experimentando por 10 a 20 minutos. Ao movimentar o pescoço sem ter lag, não sentiram tontura nem enjoo”, afirma. “Pusemos duas pessoas conectadas ao mesmo tempo no ambiente virtual e elas conseguiam interagir, inclusive se cumprimentar”, descreve.

Próximos testes

A Nestlé testará mais duas aplicações em sua rede privativa 5G este ano. Uma será de realidade aumentada. A ideia é que uma operadora de máquinas use um óculos de AR para inspecionar os equipamentos enquanto caminha pelo chão de fábrica, enxergando sobre a imagem dados em tempo real dos equipamentos à sua frente. 

O último teste será com medidores de IoT, para verificar a capacidade da rede em trabalhar com centenas sensores conectados ao mesmo tempo. A Nestlé está neste momento buscando um fornecedor para ser parceiro neste teste. “Estamos em conversas avançadas com uma empresa que talvez esteja apta para desenvolver essa solução”, disse.

Mapa de redes celulares privativas e MPN Fórum

Mobile Time está elaborando um mapa do ecossistema brasileiro de redes celulares privativas, cuja publicação acontecerá em breve. E na semana que vem, no dia 12 de julho, será realizada a terceira edição do MPN Fórum, seminário dedicado ao mercado de redes celulares privativas, sob organização de Mobile Time. A Petrobras participou da última edição. Desta vez, serão apresentados cases de CPFL, Porto de Suape, fazendas brasileiras e hospitais no Japão, além de painéis de discussão com líderes do setor. A programação completa e mais informações estão disponíveis em www.mpnforum.com.br