Da direita para esquerda: Paulo Esperandio, CMO da TIM; Alberto Griselli, CEO da operadora; Leonardo Capdeville, CTIO (crédito: Henrique Medeiros)

O CMO da TIM, Paulo Esperandio, confirmou que a companhia não reavaliará os contratos de zero-rating no começo do 5G. Em conversa com Mobile Time durante o lançamento da rede de quinta geração celular na cidade de São Paulo nesta quinta-feira, 4, o executivo explicou que a tendência é aumentar a entrada de novos parceiros.

“Os contratos de zero-rating continuam, sem mudanças. O que estamos fazendo agora é expandindo o zero-rating com algumas plataformas, como o Twitch, a plataforma de streaming de games que incluiremos no zero-rating do plano Booster. Mas não mudará nada que havia no zero-rating anteriormente. Vamos adicionar novos agora”, explicou.

Esperandio também explicou que a TIM cogita outros modelos de negócios com o 5G, mas rechaçou a possibilidade de formatos baseados em velocidade ou latência, uma vez que a regulação brasileira não permitiria tal formato.

“Temos uma série de restrições regulatórias no Brasil para tratar esse tema. Se você pegar o mercado norte-americano, ele tem gradações de velocidades garantidas no modelo de precificação das ofertas. Então, o cliente que quer mais latência pode ter um plano mais caro.  No Brasil isso não é uma realidade, por questões regulatórias, como neutralidade de rede. Por isso, nós não podemos ter tier de velocidade nas nossas ofertas”, explicou. “Mas estamos avaliando opções adicionais com essa plataforma de experimentação 5G (Booster),  pode ser por serviço, o modelo tradicional com GB, serviço acessado (como o cloud gaming) e temos algumas outras opções na mesa que estamos avaliando nos próximos meses”, relatou.

Plano Booster

No começo do 5G em São Paulo, a TIM lançará um plano adicional para a experimentação do 5G SA. Batizado de Booster, o plano começa sem custos para clientes pós-pagos, a partir do dia 18 de agosto. Gradualmente, o Booster será liberado para os usuários controle e pré-pagos da operadora.

Para o restante da base de usuários com terminais 5G, a TIM liberou o uso do 5G no padrão NSA. De acordo com o CMO, a diferença entre a conexão SA e NSA é que o Booster com SA terá da baixa latência, além da alta velocidade de download e upload já presente no NSA.

“A diferença do Booster é que ele oferece latência mais baixa – download e upload têm a mesma velocidade do NSA. Sem custo adicional ao cliente. No futuro, vamos entender e pode ser uma oportunidade de monetização”, disse. “Todos os clientes da TIM terão acesso ao 5G com seus aparelhos 5G, sem custos. Inicialmente, a conexão básica é via NSA com velocidades de 700 Mbps a 1 Gbps. Em cima disso, nós estamos lançando o Booster 5G, um plano que oferece a rede SA. É uma plataforma de serviços dedicados ao 5G, começa com cloud gaming da AWG (em teste) 50 GB, mas temos outros serviços no horizonte”, completou.

Após o seu lançamento, o consumidor da TIM tem três meses para entrar no plano. Uma vez dentro do Booster, haverá um período de degustação de um ano. Leonardo Capdeville, CTIO da TIM, explicou que depois desses 12 meses, a TIM deve avançar além do cloud gaming, para outras aplicações.

“Realidades virtual e aumentada são coisas que ainda vão acontecer. E aí sim nós poderemos ver o valor de diferenciação na oferta do serviço”, afirmou o CTIO. “O Booster dá 50 GB para usar como quiser, em qualquer aplicação. Mas falando das aplicações da TIM, temos EaD, que hoje é 2D. Mas, imagina lá na frente, quando o cliente tiver o 5G, com os óculos de AR e VR, qual o tipo de aplicação que você poderá dar. Ou seja, esse Booster (que ainda está em caráter experimental) lá na frente pode viabilizar uma série de serviços que ainda não conhecemos”, completou.

Monetização no 5G

Sobre as expectativas de atrair mais clientes para TIM com o Booster, o CMO da operadora afirmou que vê o novo plano mais como uma forma de aprender sobre o consumo do cliente, ante uma possível iniciativa de captação de cliente: “Obviamente, há um benefício para o consumidor com o Booster, mas é mais uma plataforma de aprendizado de todo o ecossistema em relação ao potencial do 5G. Vamos testar os serviços, ver a adesão e aprender com a nossa base de clientes sobre o uso desses serviços. E eles (clientes) nos darão um feedback o que eles preferem ou não”, prevê.

Especificamente sobre os valores do novo plano, após o período de degustação, Esperandio reconheceu que existirá cobrança; mas não será nos padrões que os operadores implantaram nos Estados Unidos. Vale lembrar, após instalar o 5G puro, a AT&T puxou a fila com aumento de preços de US$ 8 a US$ 12 nos planos familiares.

“Não terá o aumento que vimos nos EUA. A estrutura de precificação dos serviços de telecomunicações dos EUA é diferente do nosso por questões regulatórias. Eles fazem tiers de velocidade ligados a certos valores, aqui não é possível executar isso por questões regulatórias no Brasil. Eles estão sujeitos ao marco regulatório muito diferente do nosso. No Brasil, o modelo norte-americano não é uma realidade, nós não vamos seguir”, detalhou. “Aqui a questão de precificação no futuro será mais de self-service, haverá um portfólio de opções que o cliente pode escolher. Não será sobre colocar um fee base sobre a franquia. Internamente, nós estávamos discutindo o valor do Booster e, quando for monetizado, isso não passará dos R$ 20. É uma fração do que o mercado norte-americano cobra. E com ICMS os planos baixarão”, completou.

Curva de aprendizado

Por sua vez, Capdeville ressaltou que o plano Booster permitirá compreender a elasticidade de consumo do cliente, algo que hoje não existe, pois a rede de quinta geração está em seus primeiros passos de consumo no principal centro financeiro do País. “Quando tínhamos o 3G, o uso de dados era restrito, no máximo 1 GB. Com 4 GG começa a ter mais capacidade e velocidade e mais aplicações, como vídeos online, streaming e redes sociais. Hoje no 4G, mesmo as redes sociais, é basicamente vídeo. Os pacotes se adequaram para essa realidade. No 5G, você começa a ter vídeo em 4K, ao vivo, cloud gaming no celular, você começa a consumir mais, mas o pacote também muda. O custo do GB caiu”, disse.

Para o CTIO, o pós-pago já tem pacotes de dados que são “confortáveis” para o uso do 5G. Mas a curva de aprendizado principal será no pré-pago.

“Vamos aprender isso junto com o consumidor. Por exemplo, o consumo do 5G no pré-pago será o mesmo? Vai duplicar? Vai aumentar? Portanto, existe um processo de aprendizado. No Booster, nós oferecemos os 50 GB para deixar o cliente confortável e usar o 5G na máxima capacidade. Talvez o usuário use o Booster para rodar vídeos em uma TV ao vivo? Agora, existe uma questão da elasticidade da demanda que ainda não conhecemos. Por isso, o Booster ajudará a gente a conhecer essa elasticidade”, explicou.