Positivo

Norberto Maraschin, vice-presidente de negócios de consumo e mobilidade da companhia. Foto: divulgação

A Positivo Tecnologia está pronta para avançar em sua estratégia global. Em conversa exclusiva com Mobile Time, Norberto Maraschin, vice-presidente de negócios de consumo e mobilidade da companhia, explica que esse salto demanda a costura de uma relação com algum parceiro internacional: “Buscamos uma parceria que dê escala e qualidade global. Uma empresa com cultura parecida. Tentamos com a Huawei, mas não foi para frente justamente por cultura”, explica o executivo.

Ainda de acordo com Maraschin, a saída da LG “abre uma oportunidade que todos estão olhando” no mercado de handsets nacional. Contudo, o executivo acredita que “para vender bem, tem que fabricar aqui.”

O VP da Positivo explicou que atualmente estão trabalhando em poucos nichos de smartphones por conta da crise na cadeia de suprimentos, o que deu uma “segurada” nos planos da empresa. Mas a fabricante tem mais produtos no cronograma de desenvolvimento. “Queremos trazer surpresas em breve”, completa.

Crises

Após um ano de pandemia do novo coronavírus (Sars-Cov-2), as crises no frete marítimo e a falta de chips da indústria de semicondutores trazem uma sombra para setores que dependem desses meios e insumos. É o caso do segmento de dispositivos móveis. Ainda assim, Maraschin diz que a Positivo e outras empresas do setor de dispositivos móveis devem sentir menos, em comparação ao setor automotivo, por exemplo. Isso porque mobile e PCs têm prioridades sobre a vertical automobilística, uma vez que possui maior demanda.

“O tema de circuitos integrados (ICs) é crítico, pois o investimento nessas plantas é de longo prazo. Em média, uma fábrica do gênero demora até cinco anos para suprir uma demanda – que se acelerou após a pandemia. Isso se estende para toda a indústria”, explica. “No caso de PCs e mobile, há uma ‘reacomodação’ menor da ordem. Ou seja, tem faltado menos na nossa indústria. Isso porque a demanda global por ICs de mobile é de 25%, de PCs é de 15%, e de auto é de 10%. Por isso que automobilísticas tendem a sofrer mais”, completa o executivo.

Impactos eventuais

Por outro lado, o VP da Positivo alerta que o segmento mobile pode ser afetado em relação à falta das ICs por outros fatores:

– Os dispositivos 5G demandam mais de uma unidade de processamento de energia (PMU), o que aumentará o consumo por circuitos integrados;

– Mesmo com a indústria mobile sofrendo menos, as fabricantes passam a priorizar mercados que são mais rentáveis. Com isso, o Brasil fica atrás de outros, como Europa e América do Norte;

– No Brasil, o nível de estoque no varejo é o menor de todos os tempos, segundo a Positivo, que faz acompanhamento trimestre a trimestre.

Neste cenário, Maraschin acredita que haverá alterações no preço para o consumidor: “Se somar tudo, a crise impacta o preço na ponta. Além do problema das ICs e logística, nós também temos o impacto no câmbio e a falta de telas. Sabemos que para o brasileiro já não é questão de pagar, mas ter ou não ter. Por isso, nós entregamos o melhor produto com preço justo”, completou.

“Somos a grande empresa brasileira de fazer hardware. Nós não fazemos distribuição. O nosso relacionamento com supply chain é maduro e bem sustentável. Vimos um disparo do consumo da indústria eletrônica. Mudou o share of wallet de produtos domésticos e tecnologia. As empresas mais bem preparadas na cadeia de suprimentos se estruturaram bem”, disse. “Para o próximo trimestre, o que posso dizer é que estamos bem. Estamos com um trimestre forte, pois o planejamento está bom”, concluiu.

Vale dizer, nos primeiros três meses de 2021, a Positivo registrou queda de 32,5% na receita de smartphones, de R$ 71 milhões para R$ 48 milhões. A redução foi amortizada por crescimentos em outras categorias, como PCs, tablets, Internet das Coisas e serviços.

Outras categorias

Ainda em mobile, dois destaques recentes são os aumentos de vendas de feature phones e tablets. No primeiro, a receita da Positivo subiu de R$ 11 milhões para R$ 13 milhões, um aumento de 17% puxado por “um público fiel do feature”, segundo Maraschin: “Esse crescimento é ligado à diminuição de oferta e pelo fato de permanecermos no mercado de feature. Outros players saíram”, completou.

Em tablets, o incremento na receita foi superior a 1.000%, de R$ 12 milhões para R$ 140 milhões. Neste caso, o vice-presidente afirmou a esta publicação que o movimento foi puxado por dois motivos: o fato de a Positivo ter lançado um tablet mais robusto de 10 polegadas; e a necessidade de mais telas na casa de seus consumidores.