Uma aliança internacional de 57 empresas e universidades para fomentar a inovação e a ciência aberta no campo da inteligência artificial foi fundada nesta terça-feira, 5, sob a liderança de IBM e Meta. A AI Alliance, como foi batizada, chama a atenção tanto pela extensa lista de nomes de peso dos setores privado e público que participam dela, como também pelas ausências de dois expoentes do mercado de IA: Google e OpenAI, o que escancara a divisão existente hoje entre os líderes dessa tecnologia.

A AI Alliance enumera entre os seus objetivos:

. Desenvolver padrões, ferramentas e outros recursos para a avaliação de um uso e criação responsáveis de sistemas de IA em escala global

. Avançar de maneira responsável no ecossistema de modelos abertos para enfrentar amplos desafios da sociedade atual em áreas como educação e mudanças climáticas

. Acelerar o ecossistema de hardware para IA, fomentando a adoção de softwares habilitadores essenciais

. Apoiar a pesquisa exploratória em IA

. Produzir conteúdo educacional e outros recursos que ajudem o público e os legisladores a entenderem os benefícios e os riscos dessa tecnologia, facilitando também uma regulamentação mais precisa

. Promover iniciativas que fomentem o desenvolvimento aberto da IA

Serão formados grupos de trabalho com membros da aliança para cada um dos objetivos, assim como comitês técnico e de governança. 

A AI Alliance é composta por big techs, startups inovadoras, universidades e renomados órgãos de pesquisa em áreas diversas. Os 57 membros são:

  • Agency for Science, Technology and Research (A*STAR)
  • Aitomatic 
  • AMD 
  • Anyscale 
  • Cerebras 
  • CERN 
  • Cleveland Clinic 
  • Cornell University
  • Dartmouth
  • Dell Technologies
  • Ecole Polytechnique Federale de Lausanne
  • ETH Zurich
  • Fast.ai
  • Fenrir, Inc.
  • FPT Software
  • Hebrew University of Jerusalem
  • Hugging Face 
  • IBM
  • Abdus Salam International Centre for Theoretical Physics (ICTP)
  • Imperial College London 
  • Indian Institute of Technology Bombay 
  • Institute for Computer Science, Artificial Intelligence
  • Intel  
  • Keio University 
  • LangChain 
  • LlamaIndex 
  • Linux Foundation
  • Mass Open Cloud Alliance, operated by Boston University and Harvard
  • Meta
  • Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence
  • MLCommons 
  • National Aeronautics and Space Administration
  • National Science Foundation
  • New York University
  • NumFOCUS 
  • OpenTeams
  • Oracle 
  • Partnership on AI
  • Quansight 
  • Red Hat
  • Rensselaer Polytechnic Institute 
  • Roadzen 
  • Sakana AI 
  • SB Intuitions
  • ServiceNow 
  • Silo AI
  • Simons Foundation
  • Sony Group
  • Stability AI
  • Together AI
  • TU Munich 
  • UC Berkeley College of Computing, Data Science, and Society 
  • University of Illinois Urbana-Champaign
  • The University of Notre Dame 
  • The University of Texas at Austin
  • The University of Tokyo 
  • Yale University  

Análise

A ausência de Google e OpenAI entre os fundadores da AI Alliance é um sinal das profundas divergências existentes entre os líderes de IA no mundo. Difícil, contudo, identificar até que ponto essas divergências são meramente comerciais ou se envolvem também visões de mundo distintas.

Além disso, é notável a ausência de representantes da China e a baixa participação de entidades de países emergentes, à exceção do Instituto Indiano de Tecnologia de Bombaim. Não há nenhum membro da América Latina, por exemplo.

A inteligência artificial é um campo da ciência da computação que, inegavelmente, vai trazer inúmeros avanços para a humanidade nas mais diversas áreas do saber. Contudo, seu desenvolvimento acelerado também pode agravar a desigualdade entre as nações, entre povos e entre classes sociais, dependendo do seu custo, da sua acessibilidade e do viés contido nos bancos de dados que alimentam seus algoritmos. Por isso, é de suma importância que organismos multilaterais de padronização e debate sobre impactos sociais dessa tecnologia sejam o mais plurais possível.