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Ilustração: La Mandarina Dibujos/Mobile Time

Os entregadores de apps de delivery estão se organizando para uma paralisação no próximo dia 25 de janeiro. A movimentação estava em tratativas desde o final do ano do passado, mas ganhou força nesta semana em grupos de WhatsApp e Telegram dedicado aos profissionais, mas também por publicações do Paulo Lima (Galo) nesta semana em favor da greve que culminou em uma publicação nesta sexta-feira, 6, confirmando que a paralisação terá como ponto de partida a sede do iFood em Osasco, cidade da região metropolitana de São Paulo.

Entre as pautas que estão em discussão na greve estão: reajustes das taxas pagas pelos apps aos entregadores; fim das operadoras logísticas (OLs) que atuam terceirizando motoboys para apps; e o fim das entregas múltiplas. Os motoboys também pedem participação na regulamentação federal do modal de aplicativos, a volta do plano de aluguel de bicicletas por R$ 10 e apólice de seguro para trabalhadores.

Lima foi procurado por este noticiário, mas ainda não respondeu.

Sindicato

Mais cedo nesta sexta-feira, 6, o Mobile Time entrou em contato com Gilberto Santos, presidente do SindimotoSP e do Conselho Nacional dos Sindicatos dos Motofretistas, Motoboys, Moto Entregadores e Ciclistas do Brasil. O líder sindical explicou que não participa das discussões para a greve. Pelo contrário, Santos vê com estranheza a movimentação na web, em um momento que pode causar mais confusão que diálogo na categoria, que é marginalizada. Um dos motivos para estranheza é que a paralisação foi convocada para o dia 25 de janeiro, feriado na cidade de São Paulo, o que pode trazer pouca atração para a causa.

No fim desta tarde, Santos encaminhou um pedido de audiência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao ministro Luiz Marinho. Na pauta de conversa com o governo, os sindicalistas pedem uma discussão em prol de convenções coletivas de trabalho para trazer segurança jurídica aos trabalhadores do setor e dar fim à precarização e ao Dumping Social. No ofício, o líder sindical também pediu o fim de ações antissindicais.

“Essas práticas antissindicais realizadas pelas empresas de entregas por aplicativos operam com regras obscuras, que envolvem não apenas o gerenciamento da atividade, mas também desligamentos e bloqueios sumários de forma cibernética, ou na contratação de empresas para criar grupos de redes sociais com o objetivo de desmobilizar em âmbito nacional a categoria dos motoboys e entregadores, evidenciando como práticas predatórias destas empresas que operam também de forma ilícita contra a organização coletiva dos trabalhadores”, diz trecho do documento que recorda as descobertas de práticas antissindicais feitas pelos apps ao contratarem agências de comunicação para plantar discussões contra o direito do trabalho em grupos de trabalhadores.

Vale lembrar que a discussão de regulação e direitos trabalhistas dos entregadores e motofretistas foi uma das bandeiras da campanha presidencial de Lula em 2022.

Outros lados

Os aplicativos de delivery, de logísitica e seu principal representante (Movimento de Inovação Digital – MID) foram procurados por este noticiário nesta sexta-feira. O ministério do Trabalho e seu ministro Luiz Marinho também foram procurados pelo Mobile Time.

O Rappi respondeu que respeita o direito dos profissionais à paralisação e que está analisando as melhores formas para se preparar ante a paralisação: “O Rappi considera que a sustentabilidade de seu ecossistema digital somente é possível quando os três elos de sua cadeia são beneficiados, dentre os quais estão os entregadores independentes. Desta forma, a empresa respeita sua livre manifestação pacífica, mantém um diálogo constante e está permanentemente buscando soluções que possam favorecê-los”, respondeu em nota. “Para garantir o funcionamento da operação, a empresa está monitorando constantemente todos os indicadores para tomar as decisões com base neles de forma a garantir o melhor serviço a todo o seu ecossistema”, completou a empresa, em sua resposta.

Por sua vez, o Movimento de Inovação Digital disse que “não comenta possíveis greves que possam a ser realizadas” e a Loggi preferiu não se manifestar.

O ministro Marinho e outros apps ainda não responderam. O espaço fica aberto para eventuais atualizações e posicionamento.