A IDC América Latina estima que, embora a inteligência artificial esteja começando a ser adicionada em dispositivos (smartphones, tablets, notebooks, óculos de realidade aumentada e virtual) neste ano, esses equipamentos só serão impulsionadores de venda em 2026. A informação foi compartilhada nesta terça-feira, 6, durante a divulgação das prévias do mercado de TIC brasileiro para 2024.

Segundo Reinaldo Sakis, diretor de pesquisas de devices da companhia na região latino-americana, as provas de conceito com esses dispositivos vão predominar nos próximos dois anos (principalmente no B2B), uma vez que as PoCs precisam comprovar se a IA é um fator para atualizar a base instalada.

No B2C, a mudança no comportamento dos consumidores – que passarão a gastar para ter um equipamento mais duradouro – é o que segurará este avanço: “O dispositivo com IA é uma realidade, mas os equipamentos estão mais tempo na mão do usuário. Isso significa que ele trocará (o handset, por exemplo) com menos frequência. Mas vemos muitas melhorias que agregam valor e o usuário aceita pagar mais por esses dispositivos, se comparado com o que ele pagava antes”, completou.

Sakis citou ainda dois dados de movimentação de mercado que corroboram com este movimento. Uma pesquisa feita pela IDC global em outubro de 2023 revelou que 80% dos novos PCs terão algum componente voltado para IA em 2026; e até 2027, um em cada três dispositivos móveis robustos terá IA para melhorar a produtividade de trabalhadores na linha de frente.

Do movimento de devices com IA no Brasil, o diretor da IDC afirmou que “estamos em um primeiro momento de lançamentos na categoria mais cara, premium”. Deu como exemplo notebooks premium que custam mais de US$ 1,5 mil e têm apenas 7% de fatia de mercado e smartphones premium que estão acima de US$ 800 e têm 6% de market share.

Ainda assim, a expectativa é que os primeiros modelos de equipamentos intermediários e de entrada com IA comecem a chegar no final de 2024.

2023, o ano que não termina

Sakis afirmou que o ano de 2024 continuará com desafios similares aos de 2023. Assim como aconteceu no ano passado, com incertezas nos varejistas (vide RJ da Americanas e perda de valor de mercado do Magalu) que reduziram os estoques de dispositivos e um menor apetite do consumidor para o consumo, esses problemas devem continuar.

“Em 2023 não houve falta de componentes, mas houve um ajuste global e o preço dos produtos subiu durante o ano. As incertezas do varejo devem frear a evolução de vendas para o B2C, pois o ecossistema do varejo é importante, mas também tem a mudança do comportamento do usuário, como a mudança no comportamento de compra e o tempo mais longo com os devices”, disse.

“Por outro lado, nós vemos um avanço do mercado cinza pelo terceiro ano seguido que impacta no mercado como um todo. Mas no B2B teremos foco de compras estaduais e federais (municipais devem frear com as eleições), além das vendas corporativas com compras programadas pelas grandes”, completou.

Receitas em 2024

O mercado de devices ficará em US$ 17 bilhões neste ano, uma queda de 0,3% ante 2023. Por categoria, os smartphones liderarão o faturamento com US$ 9,8 bilhões e 59% do market share. Os PCs aparecem na sequência com 30% de fatia de mercado e US$ 4,9 bilhões. Os dispositivos vestíveis terão 4% de mercado, com US$ 698 milhões. Impressoras e tablets terão 3% cada, com US$ 569 milhões e US$ 577 milhões, respectivamente.

Gráfico de fatia de mercado por devices (reprodução: Mobile Time)

Se somados, os dispositivos móveis (smartphones, tablets e wearables) representarão US$ 11 bilhões de receita e 65% do mercado de devices brasileiro.

Gráfico de fatia de mercado de devices (reprodução: Mobile Time)

Imagem principal da matéria produzida por Mobile Time com IA generativa