São frequentes os rumores de que o Facebook estaria estudando o desenvolvimento de um celular próprio. Seria uma espécie de “Facephone”: um aparelho desenhado para aproveitar ao máximo a integração com a rede social de Mark Zuckerberg. Mas será que o Facebook precisa mesmo disso? Listo aqui três razões contrárias a esse movimento:

1 – O Facebook não precisa desenvolver seu próprio celular para melhorar a integração de sua rede social com mobilidade. Essa integração já está sendo feita, naturalmente, pelos próprios fabricantes de aparelhos, sem que o Facebook precise fazer força. Afinal, o consumidor deseja essa integração. É por isso que no Windows Phone e no PlayBook, por exemplo, a inclusão da conta do Facebook é um campo padrão nas agendas. No Motoblur, da Motorola, também. Em outros sistemas ou fabricantes, o Facebook talvez precise negociar um pouco para melhorar essa integração, mas não lhe falta poder de barganha. Em último caso há seus próprios aplicativos móveis disponíveis gratuitamente nas app stores.

2 – O mercado de produção de telefones celulares mexe com tecnologias muito distintas daquelas conhecidas pelos engenheiros do Facebook. Envolve patentes de hardware, equipamentos para testes etc. O pessoal do Facebook entende essencialmente de software. Seria necessário contratar um bocado de gente – embora talvez não seja tão difícil em um mercado onde alguns gigantes estão demitindo aos milhares, vide Nokia e RIM. Porém, além disso, é um mercado extremamente competitivo e que requer constante investimento em pesquisa e desenvolvimento. Um pequeno vacilo ou indecisão pode custar uma derrota amarga. Líderes de mercado mudam a cada cinco anos. Não creio que o risco valeria o esforço.

3 – Não basta fabricar celulares. É preciso distribuí-los, formar uma rede de pontos de venda negociando com varejistas e operadoras. E divulgá-los. O Facebook não tem experiência nessas áreas.

Se o objetivo é apenas demonstrar os benefícios da integração máxima entre um smartphone e seus serviços, melhor que o Facebook forme uma parceria com algum fabricante tradicional para lançar o “Facephone”, da mesma maneira que fez o Google quando do lançamento do Nexus. Aliás, diga-se de passagem, alguns ensaios preliminares para tal iniciativa já foram conduzidos pelo Facebook com a HTC e a INQ. A HTC, por exemplo, chegou a lançar um smartphone com um botão dedicado ao Facebook.

Muito mais importante para o Facebook que lançar um celular, é descobrir um caminho para gerar receita com os milhões de acessos que sua rede recebe através de dispositivos móveis. Atualmente, seus apps são gratuitos e não apresentam anúncios. Foi esse vácuo em mobilidade que lhe atrapalhou um pouco na recente abertura de capital.