A nova interface de usuário Facebook Home, que deve chegar ao Google Play dia 12, veio cercada de frustrações e entusiasmo. Frustração daqueles que esperavam um novo handset com a marca Facebook para imediatamente entrar naqueles comparativos incansáveis com o iPhone 5, Galaxy S4 etc. Como era mais ou menos óbvio para qualquer pessoa minimamente informada sobre o mundo móvel, dificilmente o Facebook teria fôlego e razão para entrar em um novo business, como fez a Apple em 2007. Nem o Google fez isso, preferindo licenciar a marca Nexus para hardwares desenvolvidos por parceiros e que têm como único propósito demonstrar como é a experiência Android pura.

Mas a interface do Facebook também veio com entusiastas, aqueles que julgaram a sacada de Zuckerberg genial por capturar o ambiente de uso do Android e fazer, potencialmente, de todo Android user (que tenha um hardware com a capacidade de processamento necessária, que não é pouca) um potencial cliente da nova plataforma. E de fato, esse raciocínio é correto.

Mas o que o Facebook fez é ruim. Falo isso sem, obviamente, ter ao menos testado a ideia, porque não tenho nenhum acesso privilegiado e só poderei fazer o download dia 12 como quase todas as pessoas do mundo. Mas digo que a ideia é ruim porque visa, justamente, reproduzir aquilo que o Facebook tem de pior: cercar a sua internet (e, agora, suas comunicações pessoais) em um círculo de conhecidos. Um dos maiores pecados do Facebook, na minha opinião, é não querer que você saia dele. Aplicativos, vídeos e páginas pessoais ou empresariais que ficam dentro do próprio ambiente do Facebook são, irritantemente, cada vez mais comuns. Com cada vez mais frequência você precisa se logar (entenda-se, se identificar) para ver o que outros amigos estão postando, o que recria o que era a Internet há duas décadas, na época de portais fechados como AOL e Compuserve. Pode ser que um bilhão de usuários do facebook não dêem a mínima para isso. Mas eu dou e acho péssimo, e acredito que essa nova Internet é pior do que a que eu conheço.

Voltando ao Facebook Home, o que ele promete fazer é te manter nesse cercadinho, em que as coisas postadas por seus amigos viram o seu papel de parede, as mensagens dos seus amigos ganham privilégio em relação a outros serviços de comunicação tão ou mais usados no mundo móvel, como WhatsApp ou Viber, e você ainda corre o risco de inadvertidamente postar todos os seus passos na time line. Pode ser uma boa ideia para quem não vive fora do Facebook, mas eu não quero meu celular mostrando imagens edificantes, fotos de gatinhos, paródias do Johnny Walker ou viagens de semi-conhecidos na minha home screen. Se for isso mesmo, não vou nem testar.

O que o Facebook Home faz não é nada novo tampouco. Implementações do Android, como o antigo MotoBlur da Motorola, já faziam mais ou menos isso. Os azulejos do Windows Phone também. Até aqui nenhum deu certo. Mas nenhum tinha um bilhão de usuários, o que pode mudar a equação em favor de Zuckerberg.

A graça desse mundo novo dos aplicativos e dos sistemas operacionais abertos é justamente essa: se não quiser, não instale. É o que pretendo fazer.