O CESAR (Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife) planeja fazer uma expansão para o exterior. Em conversa com Mobile Time, o novo CEO do centro, Eduardo Peixoto, diz que a iniciativa deve acontecer em breve, mas, diferentemente do fluxo de startups de tecnologia e educação, os Estados Unidos ou México não são o primeiro alvo da empresa.

“Queremos expandir, mas não necessariamente para os Estados Unidos. Pode ser para países lusófonos”, diz Peixoto. “Temos uma presença bem relevante no Brasil – em três capitais e mais quatro pontos de presença. Possuímos um projeto educacional com o Oi Futuro e o Nave. E estamos com presença em 92 cidades no Brasil via acesso remoto. Portanto, a internacionalização é um passo importante na cultura do CESAR para poder se relacionar e aumentar a rede. Levar o que aprendemos para outros lugares”, completa.

Gestão

Empossado em 2022 como CEO, Peixoto era até então o CDO e uma das cabeças por trás de um crescimento exponencial da instituição nos últimos três anos. Ao lado da COO Karla Godoy e do ex-CEO Fred Arruda, o então CDO e seus colegas ampliaram a receita anual de R$ 100 milhões para R$ 350 milhões com um “portfólio bem diversificado” em transformação digital, como explica o novo gestor, a partir da entrada de projetos para companhias de mineração, finanças e automobilísticas.

“Nesses três anos, implantamos um sistema de gestão muito mais participativo, com squads para resolver mais problemas para a organização e ter mais aumento de engajamento; melhor alinhamento com incentivo dos executivos; e entrada em outros mercados, além do avanço em educação”, disse o CEO. “Agora queremos dar um impulso maior”, explica.

Com a mudança, Arruda – que foi CEO duas vezes do CESAR – parte para uma função mais estratégica: será responsável pelo impacto socioeconômico da organização. Inicialmente, essa nova área trabalhará em duas frentes. A primeira delas é ampliar o fundo educacional do CESAR, que disponibiliza bolsas para alunos de baixa renda em seu centro educacional – aproximadamente R$ 100 mil para custear uma bolsa até o fim da graduação de um estudante; e apoiar projetos focados em melhoria do meio ambiente, em especial para empresas do setor eletroeletrônico na Zona Franca de Manaus.

Digitalização

Entre os projetos que o CESAR atua, o CEO explica que a digitalização das empresas é um pouco mais forte. Inclusive, a instituição tem um índice próprio que analisa a inovação nas empresas.

“Lançamos o índice CESAR de Transformação Digital, ICTD. É um índice com oito dimensões. A partir dele, posso ter ações para avançar na transformação digital do consumidor. É um raio-x para entender onde está a empresa e propor soluções. A primeira barreira que enxergamos é em cultura e pessoas. Como eu (empresa) transformo o pessoal que fazia de um jeito a fazer de outro? Tem que investir em cultura e treinamentos de pessoal. Temos ajudado muitas empresas nesse processo”, conta.

Em outra frente, a Internet das Coisas (IoT), Peixoto diz que se trata de um segmento ainda incipiente. Relata que muitas empresas procuraram o CESAR após o Plano Nacional de Internet das Coisas (PNIoT) ser lançado, mas esfriou: “Existia a proposta do plano de fazer pilotos nos setores selecionados e demorou bastante para que esses testes fossem realizados”, relata.

Atualmente, o CESAR tem uma parceria com o BNDES e a startup Salvus, que mede o nível de oxigênio em balões de uso médico.

“Em breve nós veremos a IoT começando a ser implantada, a ser desenvolvida mais rapidamente. Mas, por enquanto, ainda não teve a aceleração”, explica.

Edtech

Em educação, Peixoto fala com ênfase que a “educação está no centro da gestão do CESAR”, uma vez que ele também é estudante de doutorado do CESAR School: “Nessa simbiose de escola e centro de inovação, o conhecimento é a centralidade da organização. Aqui, eu sou aluno de doutorado. Eu aprendo e pratico”, diz.

“O NPS (90%) é bem acima de qualquer outra escola do gênero. Isso acontece porque a escola foi criada como complemento à inovação. Somos uma das poucas escolas com centro de inovação ao seu lado. Ou seja, o aluno está o tempo inteiro em contato com projetos reais. Esse aprender com quem faz é o que faz a educação ser relevante”, completa.