Em apenas dois dias a Caixa recebeu 11 milhões de pedidos de abertura de contas de poupança social digital da parte de pessoas que se cadastraram para receber o auxílio emergencial de R$ 600 por mês ao longo de três meses do governo federal. Trata-se, possivelmente, do maior e mais rápido processo de bancarização de todos os tempos no mundo.

Esses 11 milhões correspondem a 40% das 27 milhões de pessoas que se cadastraram para o benefício através do app Caixa Auxílio Emergencial (Android, iOS) e do site auxilio.caixa.gov.br. Os números se referem àqueles coletados até às 21 horas desta quarta-feira, 8.

O aplicativo Caixa Auxílio Emergencial registrou em dois dias mais de 23 milhões de downloads, figurando como o título mais baixado da Google Play no Brasil.

Análise

As novas contas serão geridas através de outro aplicativo, o Caixa Tem (Android), lançado pela Caixa em outubro do ano passado. Com interface conversacional, ele procura facilitar a navegação por pessoas de baixa renda. Em janeiro, o Caixa Tem possuía 20 mil usuários ativos mensais. A Caixa já tinha planos ambiciosos: queria chegar a 35 milhões de usuários do app em três anos. O coronavírus, pelo visto, vai antecipar bastante esse objetivo. O banco estima que serão abertas 30 milhões de contas de poupança social digital nos próximos meses, com a inclusão também dos beneficiários do Bolsa Família.

Vale lembrar que não apenas os desbancarizados podem optar pela abertura da nova conta durante o processo de cadastro para receber o auxílio emergencial. Quem tem conta em outros bancos também pode fazê-lo, se desejar.

Ainda é cedo para saber qual a proporção de contas de poupança social digital que permanecerão abertas depois que a crise passar. Mas não resta dúvida de que essa bancarização digital forçada vai provocar uma verdadeira transformação nos hábitos financeiros dos brasileiros de baixa renda. Tal movimento, aliado à chegada dos pagamentos instantâneos, prevista para novembro, deve alçar o Brasil a um novo patamar da economia digital, com redução de circulação de papel moeda e uma série de benefícios decorrentes disso, tanto em segurança quanto em economia de gastos e redução de fraudes.