A inclusão do open banking no sistema financeiro brasileiro trará mais empoderamento ao consumidor, diz a gerente executiva na diretoria de negócios digitais, Carla Sarkis. Em conversa com Mobile Time na tarde desta sexta-feira, 8, a executiva defende o sistema aberto para dar mais opções aos brasileiros: “Dez anos atrás, a pessoa precisava ir ao banco para pegar um crédito. A partir do momento que está no banco aberto, o cliente verá tudo como uma prateleira de supermercado. Oferta de crédito bancário, consignado, rural…”

“Temos que partir do pressuposto de que o consumidor está em um modelo de ‘monobanco’. Poucos clientes têm dois ou três bancos. Se você está dentro desse sistema fechado, você dificilmente consegue sair”, explica a executiva.

Sarkis acredita que o open banking e outros movimentos de regulação do Banco Central brasileiro – como o PIX – mostram que a transformação digital finalmente chegou às instituições financeiras. Um movimento que foi puxado pelo barateamento de dispositivos móveis, entrada de novas tecnologias e linguagens e integração de instituições por meio de APIs. Ainda assim, a gerente do banco afirmou que o incentivo do BC foi importante para mexer com o setor.

“Essa abertura precisava ser provocada, especialmente em um setor que está consolidado. Essas iniciativas do BC se intensificaram em 2019, mas elas vêm de antes, de 2006. Open banking, PIX e interoperabilidade nos sistemas de registros são agendas distintas, mas se comunicam. É como um trem bala que saiu e não para”, diz. “Cabe nos adaptarmos a um novo cenário, à nova dinâmica e aos novos entrantes. Mas é uma evolução, pois finalmente o cliente fica no centro”.

Regulação

Em relação aos temas específicos da regulação do open banking, Sarkis espera que o BC não adie a agenda para além do prazo estipulado, novembro de 2021. Em sua visão, os bancos estão com grande parte de suas estruturas “preparadas para o open banking”. E mesmo em um cenário com as operações internas das instituições afetadas pelo novo coronavírus, o sistema financeiro aberto seguirá seu rumo.

Febraban

Outra instituição que contatou esta publicação foi a Febraban. Em nota, a federação dos bancos avalia que o cronograma “é um grande desafio para todos os bancos”. Mas relata que seus grupos de trabalho estão atuando para “contribuir no desenvolvimento”, ao manter a atenção aos “riscos operacionais e na segurança da informação de seus clientes”.

Open banking no BB

No Banco do Brasil, a executiva lembra que o open banking é uma agenda antiga. Desde 2015, a companhia aborda o tema em palestras e, de 2017 em diante, o BB realiza parcerias com startups e fintechs por meio de APIs. É o caso de Conta Azul (2017), BX Blue (2018) e Bom Pra Crédito (2019). Além disso, o banco estatal abriu um laboratório no Vale do Silício em 2016 e criou um site para desenvolvedores em 2017.

“Somos o primeiro banco brasileiro a publicar uma API e fazer parcerias experimentando essa nova forma de organizar. Elas proporcionam uma agilidade interna e externa. Quando a gente experimentou isso com a Conta Azul e a BX Blue, nós imaginamos que seguiríamos o modelo (de open banking) da Comunidade Europeia no Brasil”, relata Sarkis. “O open banking traz benefícios. Como as parcerias de crédito consignado que temos hoje.”

No modelo de crédito consignado aberto do BB, a gerente explica que o negócio físico foi transformado em digital, e criou uma espécie de “marketplace de consignado” para o cliente.