Isaac Sidney, presidente da Febraban (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Após a Febraban realizar um encontro com o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) na última segunda-feira, 8, o presidente da entidade, Isaac Sidney, afirmou que a federação dos bancos pretende conversar com todos os presidenciáveis.

Durante o primeiro dia do Febraban Tech, nesta terça-feira, 9, Sidney explicou que desejam ouvir as propostas “de todos os presidenciáveis”, em especial nas questões de conjunturas econômicas, de modo que resolvam os atuais problemas da nação.

Presente no painel de abertura ao lado de Sidney, o presidente do Bradesco, Octavio Lazari Júnior, explicou que a “agenda está aberta” para os demais candidatos, e que inclusive já foram feitos convites para Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e que é uma questão de “aprovação das campanhas deles”.

Sobre a conversa com Bolsonaro, Lazari Jr. afirmou que “foi tranquila”. Que o presidente pediu para os bancos baixarem os juros, mas que o tema não foi acatado uma vez que depende de uma série de fatores, como cobrança e inadimplência.

Conjuntura nacional e internacional

No painel de abertura, Sidney defendeu o papel dos bancos e de suas tecnologias na economia brasileira com bilhões de reais investidos para tornar a vida do brasileiro mais fácil e com acesso digitalizado e democrático aos serviços financeiros. Mas também defendeu o pronto avanço da tecnologia para frear o avanço da pandemia do Novo Coronavírus com a “produção de vacinas em tempo recorde”, algo que possibilitou ao brasileiro voltar às atividades físicas.

Por sua vez, o presidente do Banco do Brasil, Fausto Ribeiro, lembrou que estamos em um momento de rearranjo nas cadeias de suprimentos globais; algo guiado pelas mudanças da pandemia e da guerra na Ucrânia: “É inegável para todos nós os benefícios alcançados pela globalização. Abriram-se as fronteiras de capital, temos informação em tempo real, online, especialização das nossas empresas, e a importância da especialização da cadeia de suprimentos. Durante a pandemia, isso incomodou um pouco, como a falta de chips, componentes eletrônicos e pneus em fábrica de trator e os insumos da vacina (contra a Covid-19)”.

“Fomos afetados, mas o caminho da globalização é sem volta. Podemos ter rearranjo desses processos. Relação amiga com outras nações e diversificar a cadeia de suprimentos é possível. Enfim, o desafio é enorme, mas veremos um processo de rearranjo da economia global”, disse.

Por outro lado, Lazari Jr. acredita que não haverá rompimento nas cadeias globais de suprimentos, pois elas se restabelecem. No entanto, ele acredita que é preciso trabalhar para não ser “pego de surpresa” por decisão política de outros países. Afirmou ainda que a atual crise de supply chain é uma oportunidade para crescer, quando as cadeias de suprimentos voltarem a ficar em plena atividade, uma vez que o País tem capacidade de crescimento em áreas como grãos, commodities, energia elétrica e carne.

“Não adianta falar em tecnologia no Brasil, se não tem chip para colocar no carro e no celular. É o efeito borboleta”, disse o presidente do Bradesco. “Vivemos em um mundo globalizado que a inflação nos EUA, Europa, guerra e a falta de gás na Europa, esses são problemas que podem afetar o Brasil. E já estão afetando. Tem que ter essa preocupação, com esforços mundiais para resolver o conflito da guerra o mais rápido possível. Para que tenhamos o restabelecimento das cadeias globais e todo o fornecimento necessário para a agricultura”, completou.

“Lógico que parte do efeito de inflação global vem da pandemia, da necessidade dos governos colocarem dinheiro para atender as pessoas, mas também vem de parte desse descompasso com o Dólar subindo. Precisamos de um período de tranquilidade e preços estáveis. Não importa o preço ser US$ 90 ou US$ 100 (no barril de petróleo), importa ser estável. O problema do mundo é a volatilidade, isso estraga os mercados mundiais”, concluiu Lazari Jr.