Os telefones celulares estiveram presentes nas atividades pedagógicas ministradas por 93% dos professores do Brasil durante a pandemia no ano passado, tanto nas aulas remotas como nas híbridas. É o que aponta a pesquisa TIC Educação 2021, desenvolvida pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Pela primeira vez, foram entrevistados educadores que lecionam nas áreas rurais – 12% deles declararam ter usado apenas seus telefones nas atividades. “O uso do celular vem aparecendo com cada vez mais relevância em todas as pesquisas. Nesta, as redes de ensino enfatizaram, inclusive, os aplicativos e recursos educacionais para dispositivos móveis: 73% dos professores da rede estadual fizeram uso de apps ofertados por órgãos públicos”, afirmou Daniela Costa, coordenadora da pesquisa TIC Educação, ao Mobile Time.

Já os aplicativos de mensageria são quase uma unanimidade quando o assunto é comunicação entre professores e alunos: quase 100% das escolas públicas utilizaram este recurso para tirar dúvidas ou falar com os estudantes.

Os professores de escolas estaduais foram os que mais reportaram a oferta, pela rede de ensino, de chip de celular ou custeio do plano de dados e voz (18%). Nas municipais a porcentagem foi de 7%. “Há uma diversidade muito grande de investimento em tecnologia entre os municípios. Muitas escolas rurais são municipais, localizadas em regiões com menor capacidade de conectividade”, analisou Costa. Mais de 25% dos docentes afirmaram não ter recebido nenhum tipo de custeio, percentual que foi maior entre os professores que lecionam em escolas municipais (34%) e entre escolas rurais (36%).

Desigualdade

A desigualdade de acesso à conectividade, assim como a qualidade da Internet, novamente chamaram a atenção dos pesquisadores. “Os professores continuam reportando a falta de dispositivos, de conexão de qualidade e de conectividade”, lembrou Costa.

Além desta questão, o TIC Educação 2021 mostrou também, ao entrevistar professores, que eles pedem mais cursos e formações para aprender a lidar com a tecnologia. “Eles reportam a necessidade de aprofundamento de apoio ao uso de tecnologia na educação. Quando a gente fala em tecnologia em educação, estamos indo além, estamos falando de recursos mais adequados. Precisamos formar professores mais críticos, que discutam este uso, a privacidade de dados e assuntos correlacionados”, finalizou.