O Magalu apresentou oficialmente nesta terça-feira, 12, a sua oferta de computação em nuvem. De acordo com Kiko Reis, head do Magalu Cloud, a empresa quer ser o marketplace dos desenvolvedores que criam soluções para marketplaces. “Essa Cloud permite ao público-alvo habilitar, oferecer e ir para o mercado com novos serviços. Ou seja, construa com o Magalu e leve para um público muito maior que você não conseguiria alcançar sozinho”, completa o head de nuvem.

Inicialmente, o perfil do usuário final da Magalu Cloud são desenvolvedores que usarão a tecnologia para o mercado ou para suas empresas, em especial os revendedores (sellers) de pequeno e médio porte. Para fazer uma aplicação ou escrever um serviço, disse Reis.

Entre exemplos de empresas que começam a usar a nuvem estão a Fastzap, especializada na gestão de atendimento via WhatsApp e Instagram, e a Oiti, uma startup que oferece controle de acesso com biometria em tempo real.

Contudo, André Fatala, vice-presidente de tecnologia da varejista, explicou que a companhia estuda uma forma de levar o serviço de nuvem também para o consumidor final. Um exemplo a ser avaliado é a oferta de armazenamento para os 30 milhões de usuários ativos do aplicativo do Magalu (Android, iOS).

AI Cloud

Magalu

André Fatala, VP de tecnologia do Magalu (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

A nuvem da varejista nasce com inteligência artificial embarcada (AI Cloud, no original em inglês) para criar aplicações. A plataforma tem infraestrutura de computação (CPU) e gráfica (GPU) e, como experiência, a própria varejista é um caso de uso, uma vez que 30% de toda a sua estrutura roda em nuvem própria.

“É uma AI Cloud no sentido que entendemos como funciona, sabemos rodar modelos (de IA) e temos infraestrutura para isso. Por exemplo, diversas aplicações do Magalu usam GPU para apoiar parte de seus processos.”, relatou Reis.

O executivo explicou que a ideia não é ter “um supercomputador” com milhares de GPUs para fazer o treinamento de IAs, mas ter um espaço para aquilo que os desenvolvedores precisam.

Estrutura

Luiza Helena Trajano, presidente do conselho de administração do Magalu (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

A Magalu Cloud começa com produtos digitais como máquinas virtuais de GPU e CPU, armazenamento, kubernetes e banco de dados. Essas ofertas podem ser acessadas por meio de APIs, portal, CLI ou Terraform. Contudo, o executivo reitera que não construirão todos os produtos dentro de casa: “Vamos trabalhar com outros provedores”, disse Reis.

Para a presidente do conselho do Magalu, Luiza Trajano, a ideia da sua nuvem é baratear o custo e dar oportunidade a seus parceiros (sellers). Ressaltou ainda que estão trabalhando para que PMEs tenham acesso a essas tecnologias com segurança.

Vale dizer que o serviço de nuvem da varejista nasce com uma série de parceiros, mas ainda com soluções internas. É o caso da IBM, que traz o WatsonX com LLM antes de seu lançamento global, que será no primeiro trimestre de 2024.

Oficialmente, a nuvem do Magalu chega ao mercado no começo de 2024 com oferta de storage, mas outras soluções digitais chegarão em seguida. Enquanto não está disponível para todos, a nuvem tem um programa para adesão prévia via seu site por ordem de chegada.

A prova dessa estrutura foi a Black Friday do Magalu em 2023.

Estratégia

Fred Trajano, CEO do Magalu (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)

Embora a estrutura seja totalmente controlada pelo Magalu em duas regiões (SP e CE), os executivos explicaram que tudo foi feito em colocations, ou seja, o Magalu não construiu uma infraestrutura física, mas preferiu alugar uma infraestrutura para a nuvem. Dito isso, a ideia da empresa é ser um provedor de serviços (SaaS, IaaS, Paas) para PMEs, mas não ser um provedor de infraestrutura.

Por sua vez, Fatala afirmou que o investimento na nuvem está dentro do Capex anual da empresa e custa menos do que a companhia investe por ano em cloud. Afirmou ainda que a Magalu Cloud é um complemento ao mercado, que oferecerá um valor mais baixo, porém, sem concorrer com os grandes líderes desse mercado, como Google, Amazon e Microsoft.

Reis disse ainda que não é um negócio que escalará rápido e que seu desenvolvimento será com prudência, mas de longo prazo: “Estamos chegando mais tarde, mas com o jeito do Magalu de construir: incrementado e passo a passo. Isso mudou o modo como construímos a cloud”, completou.

Fred Trajano, CEO do Magalu, explicou que 80% das aplicações do Magalu rodam em nuvens (própria ou pública), mas isso deu a base para criar essa oferta de prateleira, algo que foi construído ao longo da última década: “Investimos milhões de reais em cloud por ano. Por que não implementar e fazer uma cloud própria brasileira com controle de custos? Por que cloud? Por que Magalu? Por que Brasil? Temos condição para isso? Várias vezes quando fizemos o e-commerce, nós provamos que podemos ser relevantes”, pontuou.

Imagem principal: André Fatala (mão no rosto), VP do Magalu, e Kiko Reis, head do Magalu Cloud (crédito: Henrique Medeiros/Mobile Time)