A inteligência artificial (IA) é algo que mudará o dia a dia e a vida das pessoas. Contudo, Laércio Albuquerque, presidente da Cisco no Brasil, ressalta que a tecnologia não consegue substituir os relacionamentos humanos.

“A IA vai facilitar muito a vida de todos. Vai fazer com que fique mais fácil seus trajetos e seus caminhos. Mas nunca esqueça que a IA não automatiza o abraço no seu filho, no seu irmão, na sua família”, disse o executivo.

A defesa das relações humanas ante o avanço da IA foi um dos temas do painel que discutiu a relação entre ética e tecnologia no último dia do Ciab Febraban 2019, realizado em São Paulo, nesta quinta-feira, 13.

Comércio de dados

Um dos tópicos levantados por executivos do setor de tecnologia foi a venda de dados. Albuquerque declarou-se prontamente contra o tema. Já Gustavo Fosse, diretor de tecnologia do Banco do Brasil, lembrou que há pontos importantes a se relevar no tratamento de dados e privacidade.

“Se você compartilhar ou vender um dado que não pode, você será punido pela lei. Legislação, punição e regulação. Essa é a regra”, explicitou Fosse. “Agora, saindo do mercado financeiro: os meus dados de saúde são meus. Eu posso abrir ou não. Se eu não quiser abrir os meus dados, a empresa de saúde não vai ter os dados. Mesma coisa os donos de carro com telemetria (para seguro)”.

IA Plena

Outro tema debatido pelos executivos foi o uso da inteligência artificial plena – quando a tecnologia funciona com plenitude e sem intervenção humana. Para Nuno Sebastião, CEO da Feedzay, a tecnologia ainda não alcançou este patamar. Mas o executivo atentou para o uso de aplicações de IA.

“Ainda estamos longe do singularity event – da IA ter inteligência própria. O que é importante é: IA plena, na sua definição, não existe. O que temos são as aplicações ubíquas, que foram criadas após o acúmulo de dados históricos e muito treinamento. O que é importante é onde estamos a aplicar (essas inteligências)”.

Ética

Por fim, os executivos ressaltaram o papel da ética na IA. Fosse, do BB, imagina que em um futuro (dois a três anos), as “empresas que não forem guiadas pela ética e pela IA não existirão no mundo”. Albuquerque, da Cisco, foi mais enfático ao dizer que a “ética vai expurgar” aquelas empresas que não são morais.  E Sebastião frisou a necessidade de um balanço.

“Cada um de nós quer um serviço único para seus consumidores. E isso só é possível com automação. Ainda mais em um País com 210 milhões de habitantes. Tem que haver um balanço no IA, e a ética é fundamental e as empresas estão trabalhando para isso”, completou o CEO da companhia especializada em detectar fraudes com dados.