A popularidade da IA generativa e a necessidade de evitar a exposição de dados privados impulsionou o desenvolvimento de novas soluções dentro da AWS – Amazon Web Services. Como resultado, os esforços acabaram contribuindo para sistemas que atualmente estão consolidados no trabalho dos desenvolvedores da empresa.
O reflexo do avanço tecnológico dentro da rotina dos programadores foi compartilhado pelo vice-presidente de Tecnologia e Engenharia na AWS, Dominic Delmolino, em coletiva durante o AWS Public Sector Symposium, realizado em Brasília, nesta quarta-feira, 14.
“Quando o ChatGPT surgiu, os funcionários foram proibidos de usá-lo, pois estavam enviando dados privados da empresa para fora. A solução foi adotar ferramentas de IA internamente. Disponibilizamos os produtos Amazon Q e o serviço Bedrock para uso dos funcionários, e hoje essas ferramentas estão incorporadas em quase todos os nossos processos internos”, contou Delmolino.
O Amazon Bedrock consiste na oferta de modelos de base (FMs). Já o Amazon Q, especificamente, é um assistente de IA generativa voltado para o ambiente corporativo, que utiliza repositório personalizado e auxilia na tomada de decisão. Um dos produtos lançados a partir dele é o Amazon Q Developer, que visa otimizar o trabalho de programadores.
“Estou na indústria há quase 40 anos. Houve um tempo em que o ‘pair programming’ [programação em dupla] era muito produtivo: dois desenvolvedores, um codando e o outro revisando e sugerindo. Agora, o ‘par’ do programador é a IA. Ela sugere boas práticas, testes de unidade, melhorias de segurança e até exemplos de código. Não é que a IA escreve tudo, mas ela ajuda muito”, detalha o executivo.
Outras aplicações do conjunto de ferramentas de IA da AWS auxiliaram pesquisas com clientes, que até então tinham resultados armazenados em planilhas. “Posso pedir para nossa ferramenta que gere um parágrafo explicando as principais tendências, e ela faz isso. Sou técnico e consigo fazer esse tipo de análise, mas até nossos gerentes de contas estão usando”, conta.
No evento em Brasília, a empresa destacou a estratégia de ampliar a gama de clientes em soluções de computação em nuvem e IA no setor público, e também no setor privado que atua em parceria com estatais.
Delmolino destaca que governos de diversos países estão usando a tecnologia aliada à política pública, como a Índia em projeto de serviços financeiros digitais para pequenos agricultores, e Japão, que contrata supercomputador da AWS para pesquisas em universidades.
“Quando penso no Brasil, especialmente nas regiões do Norte, vejo um grande potencial para aplicar soluções semelhantes, com base nas experiências bem-sucedidas que temos acompanhado em outros países. […] Estamos investindo em infraestrutura e capacitação para garantir que órgãos públicos e seus parceiros estejam aptos a aproveitar ao máximo os recursos que oferecemos”, disse.
Questionado sobre o interesse na instalação de novos data centers, Delmolino afirmou que tem sido mais comum aprimorar as estruturas já implementadas do que inaugurar novas. Para a América do Sul, recentemente houve o anúncio de planos de expansão no Chile, mas não no Brasil, ao menos por ora. “Não posso confirmar se o Brasil está nos planos imediatos, mas certamente há potencial aqui”, disse Delmolino, questionado pela imprensa.
Imagem principal: Vice-Presidente de Tecnologia e Engenharia na AWS, Dominic Delmolino, em coletiva de imprensa. | Foto: Carolina Cruz